quinta-feira, 8 de setembro de 2016
VENTANIA
Os ventos de ontem descabelam até pensamento...
Poemas sem consistência, ou apenas leves, o vento carrega e se perdem céu adentro.
Pandorgas ganham força arrastando as crianças.
As nuvens se esgarçam em fios de algodão e água nas mãos das deusas tecelãs.
As árvores se despem das folhas e das flores, e o corpo nu de muitos braços curva-se na ventania, temeroso de perder suas raízes.
As águas do rio correm mais depressa, surpreendendo os capins plumosos dançarinos às suas margens.
A menina vai, os pés altos do chão, levada pelo sonho e o velho se rende e refugia dentro do casaco. Deixa cair o sonho na pressa de buscar o caminho de casa.
Eu recolho poemas que se perderam em minhas andanças por esses caminhos de vento. Eu me busco no entrevero de lembranças desfolhadas.
E me desconstruo, como dizem por aí, levada pelo vento.
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