terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PRESENTE


O hoje é para ser desembrulhado como um pacote embalado para presente
Delicadamente.
Afinal ‘hoje’ é ‘presente’. E presente é para ser apreciado.
E mesmo que não nos encante e surpreenda, deve ser contemplado,
enquanto o seguramos entre as mãos,
com o respeito que merece a oferenda.

Gratos, devemos dizer, ainda que preferíssemos outra coisa.

Tenho feito o exercício do ‘presente’. Todos os dias.
Vou amanhecendo aos poucos
Entrando
No corpo
Devagarinho
Como quem cola o papel contact a uma superfície, que perdeu a lisura,
tentando não deixar rugas e bolhas.

Olho pela fresta da janela,
Depois para A Tina,
Já deitada de barriga para cima,
À espera do meu afago.
É tudo que espera.
Quase a invejo por isto e por ter quem a afague.
Vou dedilhando carícias no pelo liso, em tons de cinza e branco,
Enquanto falo baixinho,
porque ela me ouve sem que eu tenha de gritar,
Ou porque para ela palavras não significam muito.
O que importa é o tom
Que é de ternura e gratidão.

Os olhos de jabuticaba
Estreitados de preguiça e sono,
Semicerrados,
Escutam.
A respiração leve e ritmada
de quem medita.
Assimilo sua técnica simples
bendita herança de ancestrais
de que não lembra,
porque ela vive 
o presente.


Aprendo com ela.
Respiro com ela.

Dobro com delicadeza as boas lembranças
e deposito nas gavetas do tempo.
As outras, não tão boas,
jogo no vento,
O que virá
entrego ao Senhor do Tempo.
Quando se tornaram presente
eu saberei.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

O SOFRIMENTO




"O homem tem de lutar com o problema do sofrimento. O oriental quer livrar-se do sofrimento, expulsando-o; o ocidental procura suprimi-lo com remédios. Mas o sofrimento precisa ser superado, e o único meio de superá-lo é suportando-o. Aprendemos isso somente com Ele (o Cristo crucificado)".

Carl Gustav Jung - Princenton University Press, 1973 - vol.1, p. 236.

"A fim de que se possa cessar o sofrimento, torna-se imprescindível a aquisição de uma consciência responsável, capaz de remontar-lhe às origens, analisá-las e trabalhá-las com direcionamento adredemente planejado."
do livro Plenitude de Joanna de Ângelis.

Ainda no livro "Plenitude", está escrito que o homem, enquanto sofre, demora-se em reflexão, a partir da qual começa o reequilíbrio. Nesta reflexão o ser pode e deve fazer uma correta avaliação dos atos, o que vai permitir que ele, pela conscientização, se liberte do sofrimento. Mas o homem precisa, para isso, "escalar a montanha do esforço direcionado para a evolução, a serenidade, a harmonia."
Enfim, não é fácil alcançar a elevação moral que vai permitir ao homem melhor lidar com a dor. É preciso ser um alpinista espiritual, ter coragem, vontade e persistência no esforço de se melhorar.
Não sou estóica para 'suportar' o sofrimento, nem consigo escalar montanhas sem escorregar e levar uns tombos. Mas não gosto de sofrer, e isto me faz levantar e começar de novo. E sou curiosa. Quero entender o porquê de termos de sofrer. 
Então reflito. E leio. Neste livro encontrei muitas respostas e assim começou o processo do amadurecimento, ou crescimento espiritual. 
Aprendi que viemos para ser felizes ou para aprender a ter alegria. É isto que Deus quer. Ele não quer que soframos. Mas não pode impedir que o façamos, se insistirmos em fazer as escolhas erradas. Até quando algo nos acontece, independente de nossa vontade, podemos escolher entre sofrer mais ou menos, aceitando ou revoltando-nos com o que nos causou dor. 
Aceitar não é aguentar simplesmente, sem fazer nada. No mesmo livro 'Plenitude" diz o seguinte: "Diante de uma pessoa que foi atingida por uma seta envenenada, recomenda antiga sabedoria hindu, arranca-se-lhe a flecha primeiro, para depois tomar outra providência qualquer." Então os atos de arrancar a flecha e tomar providências depois indicam uma reação de não-passividade, de enfrentamento, mas com a maior serenidade possível, sem o impulso da raiva, para que a flecha possa ser retirada com cuidado, sem quebrar.
Não consegui pôr em prática nem uma pequena parte do que a teoria me ensinou. Mas já estou consciente de que não devo desistir. Estou a poucos metros da base da montanha da sabedoria. Falta muito para chegar ao cume. Mas já sou grata pelo pouco que alcancei. Mesmo da pouca altura em que me encontro, já consigo ter uma visão melhor do vale em que estava antes de começar a subida.
Vânia. 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

SIGNIFICADO DA PALAVRA 'SINCERIDADE'


A palavra é derivativa do latin.
" sin cera" significa: 
Na Roma antiga, os senadores encomendavam aos artistas para confecionarem uma estátua que representasse eles próprios, e recomendavam que as ela não poderia ter trincas, rachaduras, teria que ser  perfeita. Quando os artistas erravam o cinzel 
(ferramenta para escupir) e surgiam trincas e rachaduras, preenchiam com cera. 
Daí a preocupação dos senadores, ao contratar o artista, em pedir uma estátua "sem cera". 
O termo ao longo do tempo tomou o significado de autenticidade, franqueza...
No entanto o significado original é criar uma forma pura sem resquícios de impurezas, portanto...algo de forma 'sincera'.

Exemplo do uso da palavra Sincera:

Eu ajo com siceridade nas ações em que é preciso haver transparência.

domingo, 3 de fevereiro de 2013

O AMOR É A CHAVE


O homem perfeito tem em equilibrio perfeito três coisas:
Saber, poder (fé) e amor.
Adormeci com estas palavras repetindo-se como um mantra em minha mente.
Pela manhã, hoje, as palavras se estruturaram em frases. Assim:
O verdadeiro saber é o saber do amor.
O verdadeiro poder é o poder do amor.
O amor é a chave.

Claro que leio sobre o assunto. A chama trina no homem sempre me fascinou. O equilibrio entre o saber o poder da fé, o amor, evidente para mim e outros, é a chave para a evolução humana.
Não é novidade o que expresso, não é uma descoberta pessoal. Ainda assim, hoje, me veio à mente como uma revelação, que me fez chorar, como antes ainda não o fizera.
Foi meu coração quem recebeu a mensagem, que comecei a escrever a lápis na agenda que minha filha me deu. um dia.

O verdadeiro saber é o saber do amor
O verdadeiro poder é o do amor.
O amor é a chave.
Pois quem tem amor no coração tem o poder para transformar, curar, libertar.
E quem tem amor no coração tem toda a sabedoria de que necessita, a verdadeira, a que  transcende qualquer conhecimento que o homem pense que possuir.
É o saber que se ouve no silêncio sagrado do coração, receptáculo de todo o bem que o homem carrega, ainda que nem sempre revelado.
É o saber que o Grande Espírito sussurra para a humanidade, através de todos os tempos, ainda que nem sempre ouvido.

É sábio quem ama.
É poderoso quem ama.
É no amor que está a força e a sabedoria que conduz à plenitude.
Quem ama está sempre preenchido e fortalecido. E, com este amor, pode nutrir e amparar.

Quem ama não pode ser consumido pelo fogo, pois já é, ele mesmo, chama.
Não pode ser levado na enxurrada pela força das águas, pois já é parte do oceano.
Nem ser jogada contra as rochas nas piores tormentas, nem arrastado na ventania, porque ele mesmo é o ar em movimento.
Não pode ser soterrado sob a terra, em escombros, quando ela, a terra estremece de furor, porque ele é o espírito que nada retém, nem pode ferir.
O espírito do homem que ama não dorme entre os adormecidos sob a terra, na escuridão, porque ele carrega a luz dentro de si.
Quem ama habita na alturas, acima das montanhas mais altas, ainda que, enquanto humano, permanece ancorado no coração da terra.
O amor eleva o homem sobre este vale de sombras.
Ele, o homem que ama, caminha acima da dor, como um ser alado, 
na luz.

Vânia

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