sábado, 27 de setembro de 2014

NA FALTA DO ABRAÇO.

"Abraço é cuidado mudo. 
É a forma que encontramos de dizer: tudo vai ficar bem, sem palavras. 
É proteção para pesadelos infantis, porta aberta para corações fechados. 
É revelar sentimentos sem fazer estardalhaço. 
É encontrar o caminho sem pedir informação. 
Aconchego, morada, calor que vem do tum tum tum do coração e acalenta a alma. 
Eu sou grude, todo mundo sabe e aqueles que meus braços não alcançam, eu abraço com palavras."
Ílé Ásé Íyámí Ómí Tútú

Penso que a palavra surgiu da timidez de nossos braços, da frouxidão de nosso abraço.
Surgiu talvez de nosso constrangimento, do temor da rejeição, da incerteza de nosso gesto.
E foi assim que aprendi a enfeitar com palavras o que de outro jeito não ousava dizer.
"O poeta é um fingidor..." Ou, parafraseando: um FINGIMOR... finge que é amor o amor que deveras sente.
Não, não é. É um tímido apenas ou quem sabe tem braços curtos e um longo palavreado que aprendeu a tecer na solidão.
O poeta é um solitário, não um fingidor.