sexta-feira, 28 de junho de 2013

FELICIDADE



Há duas escolas na tradição filosófica.
Para os ingleses, a felicidade é o objetivo da vida e todos têm direito a ela. Uma ação deve ser moralmente boa, pois assim poderá haver mais felicidade no universo. Se não, é má.
Para Kant e os republicanos franceses a ação moral não deve necessariamente buscar a felicidade. É a ação desinteressada. Além do mais, a felicidade é uma idéia sem sentido, porque não pode ser definida.O que serve para um, não serve para outro. O que torna alguém feliz, faz com que outros sejam infelizes, ou indiferentes.
Os seres humanos não conhecem um estado de felicidade estável. Quando muito alcançam momentos de graça e serenidade. O melhor seria, segundo Luc Ferri, dizer a nossos filhos.que uma vida boa é, antes de tudo, uma vida inteligente e livre, e que depende de muitos esforços e trabalho.

Eu já penso que a felicidade existe, assim como Deus deve existir, mas não a alcançamos, porque a buscamos fora de nós. Ainda não aprendemos a nos bastar, a descobrir em nós a fonte da felicidade.
Talvez não possamos defini-la, mas isto não a torna uma idéia sem sentido. Seria como dizer que Deus é uma idéia sem sentido. Penso que afirmá-lo é de, certa forma, pretencioso. 
Dizer que uma vida relativamente feliz pode ser alcançada com esforço e trabalho parece incoerente, pois a felicidade é oferecida aos que estão abertos para recebê-la, aos simples ou, talvez, muito sábios. 
O filósofo fala que é possível alcançar momentos de graça e serenidade. É... os que conseguem manter a serenidade, mesmo em momentos difíceis, estes, pode-se dizer que alcançaram a felicidade. 
Nós, os humanos e demasiado humanos, temos de nos contentar com momentos de graça e serenidade.
Felicidade estável existe sim, eu acho, mas não aqui, nesta dimensão. Em outra, quem sabe...
Vânia. 

Nota - Luc Ferry é filósofo, professor e ex-ministro da Educação da França. Autor de alguns livro, como Aprendendo a Viver, O que é uma vida bem sucedida...
Basseei-me no texto "Além do prazer do consumo" de Marcelo Paes, revista Planeta, junho de 2013.

sábado, 22 de junho de 2013

AMOR INTRANSITIVO



O amor em si... não direcionado é passivo.
Dinamicamente passivo.
Basta-se.
É uma bênção para o fulcro,
O centro de sua irradiação
E uma bênção também para os que dele se aproximam.

No estado de amor
O sujeito não ama uma pessoa ou coisa.
Ele ama intransitivamente.

E os que lhe acercam
Ou com ele vivem,
Beneficiam-se do seu influxo.

Ele ama incondicionalmente
Bons e maus
Justos e injustos.



 Mateus 5-45.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

A PAZ QUE EU QUERO


Volnyr Santana

Não quero mais estar em outro lugar.
Não espero que nada novo aconteça.
Não procuro a próxima curva.
Nem a próxima colina.
Estou aqui agora

E isto basta.

Trecho do filme "Terra das sombras", se não me engano.

Isto me inspira a dizer

Quero estar
finalmente
aqui,
onde cheguei,
sem saber como.
Estou naquele momento
em que preciso reconhecer 
o terreno por onde andam meus passos.
Não quero curvas inesperadas
para não derrapar por elas.
Quero andar por caminhos seguros
já palmilhados
por meus passos incertos.
Não quero a surpresa
nem a novidade.
O que tenho me basta
e o conhecido acalma.
Cansei do susto
e o inesperado interrompe
a rotina de paz estabelecida.
Posso andar por aí...
até posso...
mas,
na volta,
quero, 
ao abrir minha janela,
reencontrar a mesma paisagem
apenas tingida de claro e escuro,
de vermelho e ouro dos fins de tarde,
ou cinza dos dias de chuva.
É o que quero agora
para mim
e isto basta.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

DEUS



Voltaire, filósofo iluminista francês, era conhecido por sua perspicácia, espirituosidade e por ser um escritor polêmico, satírico, que criticava a Igreja Católica e instituições francesas da época. No entanto não era ateu.
Acreditava na possibilidade da existência de Deus e na necessidade de Deus existir.
Voltaire disse: "Se é muito presunçoso adivinhar o que Ele é e por que Ele fez tudo o que existe, parece-me também muito presunçoso negar que Ele existe."

E concluiu: “ Se Deus não existisse, seria necessário inventá-lo”.
Um dia, sem jamais haver lido estas frase, vei-me à mente frase semelhante a anterior, enquanto martelava em minha cabeça a pergunta: Deus existe? E escrevi um poema, mais ou menos assim:

Eu não O vejo
mas Ele se revela na perfeição
das infinitas formas e cores que compõem a vida.
Eu não O escuto,  
mas Ele sussurra no vento
na chuva que cai,
no rio que corre,
no mar que ruge,
no grito do recém-nascido.

Eu não encontro palavras que o descrevam,
porque o limitado não pode falar do que é sem limites.
Eu não o vejo,
porque meus olhos habitam esta dimensão entre brumas e luzes.
Não o escuto,
porque meus ouvidos não alcançam oitavas e frequências tão altas.

Mas eu O sinto, quando minha respiração se acalma e aprofunda,
e O escuto nas batidas do meu coração, quando ele se agita e emociona.
diante de algo de uma profunda beleza.
Eu O vejo, quando um sentimento de amor imenso e incomparável, generoso,
me arrebata 
para além do que é humano
em mim.

.


EU QUERO A PERFEIÇÃO DA HORA SOSSEGADA


Eu antes tinha pressa.
Ainda tenho
Porque hábito é coisa séria e teimosa.

Habituei-me a ter pressa.

Agora
Me seguro
Para não tropeçar nos ponteiros das horas.

Se o momento é bom,
Mastigo devagar, 28 vezes,
Com delicadeza,
Para sentir o gosto que ele tem.

Se não é bom,
Nem engulo
Como fazia antes.

Se der, reciclo.
Se não, deleto.

...nem sempre consigo, fácil assim...

Tento não ter mais tanta pressa.
Não é ela inimiga da perfeição?

E eu quero a perfeição
Da hora sossegada,
Da pausa prolongada
No momento presente.

Não retenho o tempo,
Que não me pertence.
Mas não o apresso,
pois quero senti-lo plenamente,
passando através de mim.

Tento me deixar levar como essas folhas de outono
Que enfeitam a calçada,
Rezando para que não sejam varridas.

Vou resvalando pelo dia,
Sem me preocupar demais com o que fiz ou deixei de fazer.
E quando a noite vem,
Embarco no barco do sonho

E navego... por onde não sei.

sábado, 8 de junho de 2013

PAZ E FELICIDADE



"Tua paz e tua felicidade não devem depender dos outros, mas apenas de ti. Costumo dizer que não devemos tentar fazer ninguém feliz, mas fazer felizes a nós mesmos e, desta forma, quem estiver conosco estará feliz também."

- Augusto Branco -

Não conseguimos ser felizes, porque esperamos que os outros façam isto por nós. Entregamos a eles a responsabilidade de tornar-nos felizes. Não percebemos que esta é uma tarefa impossível, pois ninguém conhece a fundo nossas expectativas. Como poderão entender-nos se nós mesmos não conseguimos isto?
Se nos conhecêssemos saberíamos que a nossa felicidade vem de um imenso vazio não preenchido em nosso interior. E ninguém pode visitar nossas almas a não ser nós mesmos. Só nós temos a chave de nossa morada interna. 
Precisamos visitar-nos. Andar devagar por nosso espaço adentro. Descobrir o que falta. Conhecer-nos. E isto se faz através de meditações.
Mas não podemos enclausurar-nos, introverter-nos demais. Assim com o abrimos a porta para dentro, precisamos abrir a porta para fora, para os outros, para a vida. O conhecimento interno também se faz pelo conhecimento externo. É no contato com os outros que nos descobrimos, através de nossas reações a eles e  de suas atitudes e de nossas atitudes para com eles. O modo como reagem a nós e reagem conosco é muito revelador. Mas não decisivo. A decisão de quem somos ou queremos deve-se apenas a nós. Uma consciência desenvolvida nos possibilitará isto.
Devemos pensar que nem sempre temos razão e que nem sempre os outros têm razão. 
Todos temos limitações e ter consciência delas pode nos dar a medida certa de nossa felicidade e uma caminho para ela.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

MUDANÇAS INTERNAS


Para encontrar a felicidade é necessário antes encontrar o Deus interior multidimensional.
Para ser feliz é preciso mudar o modo de pensar, mudar a consciência, interiorizar-se.
A mudança não acontece de um dia para o outro. A transformação, que conduzirá as pessoas para um mundo mais feliz, é lenta e gradativa.
A impaciência, o imediatismo, além de não apressar o processo, atrapalha.
Ficar esperando que Deus nos dê o milagre de uma felicidade gratuita, é uma atitude dependente, que só trará frustrações. Nós temos que criar nosso destino, sem esperar por milagres.

Quando descobrirmos esta verdade, mudaremos interiormente. Nós nos sentiremos melhor, reagiremos com mais serenidade. As mudanças internas serão refletidas ao redor. Os outros perceberão isto e hão de querer encontrar a luz em si também, pois descobrirão que ela traz uma sensação maravilhosa, de paz e beleza.
Isto é um resumo de leituras que andei fazendo.  

domingo, 2 de junho de 2013

RELACIONAMENTOS

Não é o outro quem tem de mudar, sou eu.
Não posso esperar que as coisas mudem para melhor, se eu não mudar para melhor.
‘Se’ faz parte não de uma realidade incondicional e garantida.
Se é algo que pode tornar-se ou não. 
Eu tenho de trabalhar com o presente e um futuro que só depende de minhas possibildades. Eu tenho de ser melhor para mim.
Eu tenho de ser gentil e respeitoso para comigo mesmo. Esta atitude vai se refletir no outro, fazendo com que ele me respeite ou se afaste.
A ideia do afastamento dá um frio na barriga. Que faço sem o outro? Mas... e daí... se eu o perder? E daí que não se perde o que não se tem. Não se perde o que não nos pertence. E ninguém nos pertence.
Nem adianta zangar-se, magoar-se. A atitude zangada incita atitude igual; a mágoa desperta desprezo, desrespeito. Revidar inicia um jogo sem regras, onde quem grita mais alto ganha, aparentemente.
Não se preocupe com a escolha adequada de palavras. Simplesmente fale.
As crianças não aprenderam a elaborar conceitos restritos a regras determinados pelos outros. Ainda. Seu vocabulário  é por um tempo, cada vez mais curto, isento de censura. Diz o que pensa. Nem tudo, pois faltam palavras. Expresse-se como elas, sem floreios, mas com convicção. Infelizmente esta convicção pode ser abalada desde cedo, quando vem a primeira censura, a primeira rejeição, que não tem muito a ver com o que expressamos, mas com a reação ao que foi dito.
Lembro de que uma pessoa referiu-se a uma opinião expressa por ela em relação a um político, e recebeu uma critica contundente do amigo ouvinte, dizendo-lhe que deveria abster-se de dar suas opiniões sem conhecer a realidade do que afirmava. Indignado exigiu que o respeitasse e às convicções de outros que tinham opinião contrária. Surpeendeu-me a reação dela, concordando com ele.
Ele impôs respeito e levou-a a pensar.

Tenho percebido que quando eu exprimia minha opinião e ela era contestada, eu me perturbava, tornava-me defensiva e zangada. Era meu Ego que reagia. Faltava-me convicção, não teimosia, para dignamente manter meu ponto de vista. O Ego é vulnerável as intromissões dos outros. Esta é discussão inútil.
Percebi que para manter meu ponto de vista, preciso confiar plenamente nele, não como verdade máxima, mas como algo em que acredito naquele instante.
Aprendi que devo ser flexível, não submissa às ideias impingidas pelos outros, mas aberta a possibilidades que contribuem para minha felicidade e crescimento.
Vânia


FELICIDADE - AINDA SOBRE ELA.

Até as plantas buscam a felicidade.
Quem escreveu isto foi Plotino, o filósofo neoplatônico.

Não sei como elas fazem isto, mas já vi algumas vezes plantas, não só os girassóis, voltarem-se em direção à luz do sol. De certa forma é o meio que encontram de buscar na força vital do sol, a sua felicidade.

Voltar nosso olhar para a beleza de um pôr ou nascer do sol e, nesta contemplação, encontrar encantamento e uma forma de êxtase, é uma forma de buscar um momento de felicidade, ainda que passageiro.





MARK RYDEN

Mark Ryden teve proeminência na década de 1990, durante uma época em que muitos artistas, críticos e colecionadores foram discretamente defendendo um retorno à arte da pintura. Com sua técnica magistral e conteúdo inquietante.
Seus símbolos alquímicos, emblemas religiosos, paisagens primordiais, desafiam o público, não necessariamente com a sua própria estranheza, mas com a sua familiaridade com circunstâncias perturbadoras. 
O trabalho de Ryden tem sido exibido em museus e galerias do mundo, incluindo uma retrospectiva "Wondertoonel" no Museu de Arte Frye em Seattle e do Museu de Arte de Pasadena da Califórnia.
Mark Ryden nasceu em Medford, Oregon. Ele recebeu um BFA em 1987 de Art Center College of Design em Pasadena. Atualmente vive e trabalha em Los Angeles, onde pinta lentamente no meio de suas inúmeras coleções de bijuterias, estátuas, esqueletos, livros, pinturas e brinquedos antigos. 
Para conhecer melhor o trabalho de Ryden www.markryden.com

Hierophant 





ARTE - KUKULA

Kukula nasceu em uma aldeia relativamente isolada próximo ao norte de Tel Aviv. Seu trabalho é repleto de fantasia, onde predominam figuras femininas como bonecas ou pequenas princesas. As ilustrações possuem um apelo erótico e há quase sempre um ar melancólico em suas pinturas. Algumas imagens expressam uma certa agressão e violência. Em sua biografia, a artista fala de uma tentativa de relacionar as histórias de fantasia com as marcas de horror da II Guerra Mundial.
O trabalho registra uma influência das formas clássicas da arte européia com elementos da cultura pop contemporânea. Em seu site  oficial há mais informações a seus respeito. Abaixo algumas imagens deste incrível trabalho: