quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O POETA E O FILÓSOFO






Enquanto lia o último livro de Yalom sobre Espinoza, surpreendi-me ao descobrir que os questionamentos dele sobre os dogmas religiosos fossem, embora ele tivesse nascido muito antes de mim, tão iguais aos meus. Entendo que ele, eu e outras pessoas não possam seguir nenhuma religião instituída, por elas não serem racionais, porque suas verdades não são universais, dividem as pessoas em crenças e suas interpretações das escrituras são literais demais. O que me chateia é que grandes homens como Jesus e outros iluminados jamais se julgaram acima dos outros, não pretenderam ser chamados de deuses. Também é triste que seus seguidores tenham deturpado suas mensagens.
Descobri porque escrevo, ou penso que escrevo poesia. Na poesia dizemos uma coisa, muitas vezes querendo dizer outra. Driblamos a palavra. Escrevo pelas beiradas, sem me aprofundar demais. No fundo sou covarde e não suporto o julgamento e a crítica. Não é preciso ser lançada à fogueira para sair queimada. 
Carpinejar, de quem aprendi a gostar, fala da inquietação que existe em ambos: o poeta e o filósofo. Concordo com a idéia da inquietação e não aceito facilmente o que me é passado. Só não concordo com ele quando diz ser o poeta um filósofo preguiçoso, embora ele também o seja, mas mais que preguiçoso, o poeta é um filósofo que não quer se comprometer. E, como eu disse antes, é um filósofo covarde.

"Não acho que a filosofia seja tão oposta à poesia como muitos acreditam. Ambas propõem não que você saia da sala, mas que mude de cadeira. Em ambas há a mesma inquietação de não aceitar tão facilmente as coisas que nos são passadas. O poeta é um filósofo preguiçoso." Carpinejar

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