segunda-feira, 1 de julho de 2013

VENTO


"As vezes ouço passar o vento, e só de ouvir o vento passar, vale a pena ter nascido."
Fernando Pessoa



O vento parou...
O poema parou...

O pensamento
ficou suspenso,
sem pouso,
pálido e tenso.

A palavra passou,
perdeu-se,
sem ser proferida.

E o aperto no peito
não passou...
permaneceu
em mim.

Estes dias, assim,
de mormaço
me amordaçam.

Este ar parado
paralisa o pensar,
poda a poesia
antes de florir.
.

Sou um pássaro cantor.

Na ventania.
Sem ar sufoco,
Não canto,
calo.

Prefiro o vento,
Que desnorteia,
Despenteia,
Desintegra e
Divide,
Mas me move.

Prefiro tudo,
Tempestade,
Tormenta,
A este tempo paralítico,
Apático,
Pálido- cinza,
Suspenso no ar,

Irrespirável.

Prefiro o uivo do vento 
Na fresta da janela,
Do que esse silêncio,
Do que esta espera
Por algo
Que não se sabe
E que não vem.



Escrito num desses dias estranhamente quietos, antes da chuva.
Vânia.

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