terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ANO NOVO - UM DIA COMO QUALQUER OUTRO



Ano novo?
Acho que por alguma razão não gosto de sair da rotina nem de novidades. 
Mudanças alteram meu relógio interno. Os ponteiros enlouquecem e desorganizam minha mente que necessita de linearidade, continuidade.
Sempre fui assim? Não.
A surpresa me movia. Ativava a adrenalina, rompia com a monotonia de meus dias sem grandes novidades e responsabilidades.
Tudo isto mudou.
Mudanças de ritmo me fazem perder o passo e me confundo na dança.
Anseio pela hora em que tudo termina e me recolho com um livro até que o sono vença minha última resistência de ficar acordada.
Ano novo? Não gosto, porque, além de quebrar minha rotina, vem com um enlouquecedor calor, que derrete qualquer ânimo que, como o meu, já não é dos melhores.
Quero que ele passe como uma lufada de vento. Quero passar por ele invisível, despercebida até por mim.
Não quero me ver como aquela pessoa excêntrica, que esquece de abraçar, só porque tem de abraçar, que se constrange com o entusiasmo dos outros e, que para não passar por chata, faz de conta que gosta.
Feliz ano novo.

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A TIRANIA DA FELICIDADE

Quem diria que a obrigação de ser feliz se tornaria um novo motivo para o sofrimento?
Ser feliz passa a ser um dever e sofremos ao constatarmos o quanto é difícil cumpri-lo.
Só pelo fato de tornar-se uma obrigação passa a ser um peso e um desafio. 
Freud disse que não fomos feitos para ser felizes. Exulto, não porque é bom ser infeliz, mas porque, se ele disse, é porque este é um estado mais do que comum, não só um defeito meu.. 
Segundo o livro que inspirou-me este texto, alguém comentou o caso de um belga chamado Fréderic, sobre o qual ouviu falar no Havaí. Bom... ele viajou por muitos lugares interessantíssimos, com o objetivo de escrever roteiro para viajantes. Quando alguém perguntou-lhe qual era o melhor lugar para se conhecer, a resposta foi: "É tudo nojento". "Na verdade, nada vale muito a pena".
A conclusão de Flávio Arruda que contou este caso, foi que a gente não foi feito para estar satisfeito. Quem está em um escritório, gostaria de estar viajando; quem está viajando, gostaria de levar de vez em quando uma vida pacata de escritório. quem casou inveja a vida do solteiro; quem não casou, gostaria de estar casado.
O autor do livro diz que talvez o problema esteja, além de outros fatores externos, em nossa inaptidão para a felicidade. Diz que, vez por outra, com ou sem motivo concreto, as pessoas ficarão mais ou menos tristes, e que se isto não acontecer com alguém, ele estará tão doente e desligado da realidade quanto aquele que quase nunca consegue estar feliz.
Infelizmente, nossa sociedade de consumo cria uma expectativa que jamais é alcançada. O que o outro tem ou as novidades que surgem nos fazem crer que o outro consegue ou o que surge de novo é sempre mais desejável. 
O jeito, me parece, se é que há um jeito, é tentar descobrir nosso ritmo e dançar segundo nossa música interna.O que move cada um não é o que move todos os outros. Descobrir o que realmente está nos faltando, que vazio estamos tentando preencher, o que realmente nos faz falta é um começo

Diz o autor que um dos maiores desafios do homem ocidental é conseguir tornar interessante o seu cotidiano. 
E, principalmente, penso eu, entender que o que é interessante para mim não é necessariamente para outro.
Quando deixarmos de nos comparar com as outras pessoas e copiar o que elas fazem de "interessante", estaremos desviando o olhar do exterior para o interior, onde nós estamos, a espera de que nós nos aceitemos do jeitinho que somos.



Do livro: Quem ama não adoece. De Dr. Marco Aurélio Dias da Silva.



sábado, 21 de dezembro de 2013

VERDADEIRA COMPANHIA


Verdadeira companhia é a que chega sem que nos sintamos interrompidos, 
que se demora, sem que nos entedie, 
que se afasta para nos dar espaço para refazimento, 
que mesmo sem falar preenche nossos silêncios, 
que nos deixa a vontade como se estivéssemos com nós mesmos.
É a que preenche nossos cantos vazios, deixando espaço para outros amigos.
É a que não nos constrange com seu silêncio, porque é acolhedor.
Que sem concordar conosco, não nos censura.
Que nos faz sentir envolvidos, sem nos abraçar.
Que está conosco sempre, independente da distância.
Que não deixa dúvidas
sua amizade é uma certeza que nos enraiza,
ainda que nossos ramos mais altos voem com o vento.


s[abado 21 de dezembro.


domingo, 15 de dezembro de 2013

CURA





A cura se dá pela conscientização, pela clareza mental a respeito do que aconteceu conosco no passado.
É uma espécie de exumação das lembranças, que determinaram nosso presente.
Nesta análise só podemos assumir nossa responsabilidade para que as coisas se dessem como aconteceram. A responsabilidade dos outros vai depender de sua compreensão de como seus atos repercutiram em nossa formação.
O segundo passo é a aceitação do que foi feito conosco, o que só é possível depois de um distanciamento emocional. Aqui não entra o livre arbítrio, no que se refere ao que nos foi causado. O livre arbítrio está em esquecer ou não, superar ou não, perdoar ou não.
Lidamos com pessoas diferentes, com vários graus de compreensão e conscientização. O aprendizado é não tentar fazer que pensem como nós, e buscar os afins para que nã

os nos isolemos e possamos pertencer a uma família escolhida por afinidade. Não precisamos deixar de amá-los, os diferentes, assim como amamos nossas crianças que não falam ainda a nossa língua.
Terapia esclarece, mas o trabalho de lidar com nossas reações é nosso. Isto é livre arbítrio.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

O AGORA




Vivo me equilibrando precariamente no "agora". 
Muita gente é assim. 
O pensamento vai para o passado feito de lembranças e para o futuro feito de incertezas. 
E o momento presente torna-se, infelizmente, aquele presente que a vida dá para a gente e que só é desembrulhado depois, quando já não é mais agora. 

“Ao concentrar toda sua atenção ao momento presente, uma inteligência muito superior à inteligência da mente autocentrada entra no comando da sua vida. Sua ação presente se torna não só muito mais eficaz, como infinitamente mais satisfatória e gratificante”.

Eckart Tolle. A paz do silêncio.

sábado, 30 de novembro de 2013

AMOR EXPANSIVO


Quando amamos alguém, de certa forma, expandimos nossa capacidade de amar, deixando por onde passamos nossa energia amorosa, e todos que caminham conosco ou nos vêm passar, se beneficiam, sem saber.
É como o perfume em nós que deixa um rastro de aroma atrás de si, envolvendo os mais próximos.
É como levar flores para nosso amado e deixar pétalas cair pelo caminho... a fragrância se espalha e contagia.
Quando amamos, semeamos.
Quem estiver conosco há de colher
e semear...

FOTOSHOP


MONTAGEM = VIC 11 ANOS -  SOMBRINHA SOMBREADA - FUNDO TELA BORBOLETAS



quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O POETA E O FILÓSOFO






Enquanto lia o último livro de Yalom sobre Espinoza, surpreendi-me ao descobrir que os questionamentos dele sobre os dogmas religiosos fossem, embora ele tivesse nascido muito antes de mim, tão iguais aos meus. Entendo que ele, eu e outras pessoas não possam seguir nenhuma religião instituída, por elas não serem racionais, porque suas verdades não são universais, dividem as pessoas em crenças e suas interpretações das escrituras são literais demais. O que me chateia é que grandes homens como Jesus e outros iluminados jamais se julgaram acima dos outros, não pretenderam ser chamados de deuses. Também é triste que seus seguidores tenham deturpado suas mensagens.
Descobri porque escrevo, ou penso que escrevo poesia. Na poesia dizemos uma coisa, muitas vezes querendo dizer outra. Driblamos a palavra. Escrevo pelas beiradas, sem me aprofundar demais. No fundo sou covarde e não suporto o julgamento e a crítica. Não é preciso ser lançada à fogueira para sair queimada. 
Carpinejar, de quem aprendi a gostar, fala da inquietação que existe em ambos: o poeta e o filósofo. Concordo com a idéia da inquietação e não aceito facilmente o que me é passado. Só não concordo com ele quando diz ser o poeta um filósofo preguiçoso, embora ele também o seja, mas mais que preguiçoso, o poeta é um filósofo que não quer se comprometer. E, como eu disse antes, é um filósofo covarde.

"Não acho que a filosofia seja tão oposta à poesia como muitos acreditam. Ambas propõem não que você saia da sala, mas que mude de cadeira. Em ambas há a mesma inquietação de não aceitar tão facilmente as coisas que nos são passadas. O poeta é um filósofo preguiçoso." Carpinejar

domingo, 17 de novembro de 2013

MÃE É UM SER COMPLICADO




Mãe é um ser complicado.
Quando quer ajudar, na ânsia que a move, se intromete; quando não se mete, sente-se culpada por não ter feito nada. Não consegue manter a distância devida, respeitar os limites que parece tão fácil com estranhos.
Talvez porque ainda esteja ligada por cordões umbilicais invisíveis, que não podem ser cortados por isso mesmo: por serem invisíveis.
Um olhar do(a) filho(a), "nublado", e ela já ‘enxerga’ por trás das ‘nuvens’ o que talvez só exista em sua imaginação fértil.
Quando o filho(a) avisa que está chegando, sente-se eufórica, faz planos, tanto que, ao chegar, está derreada, exausta, e, para seu espanto, meio desanimada, parecendo infeliz. Tanto que chega a suspeitar que ‘uma energia intrusa” roubou-lhe a que tinha, pelas portas escancaradas de seu corpo astral desavisado.
Ninguém entende que, de tão feliz que estava, acabou ficando triste. O corpo é assim: reage inesperadamente, vítima de emoções meio doidas.
Pode ser, mas os anos de terapia, especialmente a última consulta, me alertam também para algo sobre a qual reflito agora: a intimidade.
“Para haver amor tem de haver intimidade”, disse-me o terapeuta. 
Intimidade exige mostrar-se como se é, dizer o que sente, ainda que o outro não goste, sem receio de que, por isso, na mais absurda das hipóteses, ele ou ela deixe de gostar de você ou você dele, o que é impossível, pelo menos para mim, quando ele reagir e discordar de você. Intimidade é uma coisa que acalma apesar de nos mostrar como somos: menos gentis, menos solícitos, mais egoístas, mas verdadeiros, "demasiado humanos".
O medo de desagradar que me acompanha desde criança, infelizmente, estendeu-se até os meus filhos. Um olhar "anuviado", sujeito a interpretações as piores, e já me encolho ou me ouriço. Pena! Pois assim que eles saem pela porta, me entristeço pelo que eu disse ou pelo que deixei de dizer, pelo gesto contido ou desastradamente emocional .
Intimidade... a palavra assusta, porque nos expõe de tal forma como fios desencapados, vulneráveis. Não querendo sofrer terminamos por sofrer mais do que é preciso.
E no entanto é simples. Basta não formar expectativas. Não tentar controlar o que sentimos e, menos ainda, o que os outros sentem. 
Basta abrir a porta e dizer: Vai entrando, a casa é tua e o coração também. Um simples abraço, sem muitos salamaleques, e pronto. Ah! E um detalhe, não abrir mão da cama ou da cadeira preferida, ou da soneca que, se dispensada, me põe de mau humor. Afinal de contas, se eu quiser deixar o filho(a) à vontade, tenho de estar também. 


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

BONDADE E LEVEZA



Tudo o que é bom é leve; tudo o que é divino corre em pés delicados." Nietzsche.


Pode-se associar bondade à leveza sempre?
Nem sempre. 
Às vezes leveza tem um ar de superficialidade, e bondade tem uma aparência dura e firme.
Por isso nos deixamos seduzir pelo que nos parece leve e delicado.
Rejeitamos o que é áspero e pesado.

Minha mãe não era leve nem delicada; tinha mão pesada e ligeira; a voz não se ajustava a cantigas de ninar.
Não havia, desde quando eu lembre, suavidade nela e seus olhos refletiam uma certa dureza das safiras azuis.

Mas eu sei que ela daria a vida por mim. 
O melhor do que havia na mesa e na casa, reservava para mim. O que sonhava para si mesma, ofereceu a mim, ainda que não fosse aquilo que eu  mesma desejasse. Do jeito dela, era boa comigo, embora eu ansiasse por mais leveza e liberdade.
Do jeito dela, ela me amava sim.
E para amar não é preciso um tanto de bondade?

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CONVERSANDO COM CARPINEJAR SOBRE ESPERANÇA

"A generosidade vem da esperança, eu garanto."

Não sou sempre generosa. Sinto-me generosa às vezes, quando estou contente, quando me sinto segura,  amada e grata por alguma coisa de bom que me aconteça. Para ser generosa é preciso ter dentro de si  esperança, uma espécie de fé que se alterna com nossos humores e alegrias e dissabores.
Carpinejar diz que quem não tem esperança torna-se avarento, poupando a energia que tem, economizando como se estivesse em tempo de guerra, estocando alegria "no porão dos nervos" Não pode ofertar o que teme possa vir a faltar-lhe. É mesmo. E o que os sem esperança não sabem é que a pouca alegria que escondem para que não lhe seja arrebatada, não é verdadeira, mas um arremedo de alegria, um triste simulacro de algo que, por não terem esperança nenhuma estão longe de conhecerem.
"Começará a acender velas devido à luz cortada de seus olhos, passará a resmungar devido à voz falhada de sua boca."
Lindo, Carpinejar. Sem esperança, não enxergamos, não basta acendermos velas e lâmpadas de 100 wats. Sem esperança, nada temos a dizer, desaprendemos de cantar e perdemos toda a capacidade de encantar e nos surpreender. Envelhecemos e nos perdemos tateando na escuridão de nossas almas.

"O desesperançado deixa de fazer convites, restringe os favores, recusa sair, sonega a casa e visitas. Ele é uma ostra que se torna marisco – não tem brilho de pérola para chamar o mar."
"Não tem brilho de pérola para chamar o mar."
É bem isto. Nos refugiamos em nossas conchas, escondendo pérolas que talvez tenhamos em formação nos nossos centros vitais, sem que saibamos. Os convites ficam adiados, sem que, no entanto, deixemos de  ansiar por eles. Afinal, há um ser gregário em nós, eternamente em busca de sua tribo.
"A esperança é tempo de ser, véspera, ensaio."
Lembro da infância feita de vésperas: véspera de Natal, de páscoa, de aniversários, de viagens a passeio, de pic-nics no campo, de férias na praia com a família. Esperança era meu quotidiano. Magia era a cor na minha rotina.
"Sem esperança, não se luta por nada. A amargura decorre justamente da ausência de perspectiva."
Ausência de perspectiva é falta de motivação, e falta de motivação é ausência de esperança. É o que sinto às vezes, cada vez mais vezes, para meu desgosto por mim mesma. 
Sempre escutei dizerem: a esperança é a última que morre. E me pergunto: se é a última que morre é porque algo tem de morrer antes. O que é que morre antes da esperança? Uma parte de nós. Como dizem os xamãs: são partes de nossa alma que deixamos para trás em mundos paralelos. Algo morre em nós para que ela, a esperança, se erga triunfante. Morrem as ilusões insensatas (toda ilusão é insensata), morre o egoísmo, a imaturidade, o medo, a vileza, a ignorância, morre tudo que nos faz pequenos, para que possa nascer o que existe de maior em nós.

Morremos quando morrem nossas ilusões; renascemos quando nascem novas esperanças em nós.
A esperança é filha da fé, e a fé é nobre, é elevada.
 "Escreve nosso amigo Carpinejar: Alguém falido não dará bom-dia muito menos boa-noite.
Alguém isolado não pensará em ajudar uma velhinha a atravessar a rua ou carregar suas sacolas de mercado.
A esperança é educação. A esperança é tranquilidade." 
Esperança é sentir-se rico, pleno, tranquilo. É ela que nos torna educados, solidários, confiantes. 
"A esperança é perceber que por pior que seja aquele dia haverá outro totalmente inesperado.
A esperança é crédito." 
Crédito não vem de acreditar?
Acreditar nos faz deixar o controle de lado e rolar na correnteza, e rodopiar na ventania... sem medo. 

Quando temos esperança, surge " apenas a vontade de seguir em frente e procurar o lado do sol da calçada."

terça-feira, 22 de outubro de 2013

UM POEMA QUE SE CONTINUA, DE PEDACINHO EM PEDACINHO

Quisera enlaçar-te
no laço
do abraço...
trazer-te de volta,
outra vez criança..


Segues
em tua propria linha de tempo...

E em meu tempo
paralelo ao teu,
te sigo
e persigo,
sem te alcançar,

após.
Há pós
de estrelas no teu rastro.

poeira iluminada de astros,
que compõem teu retrato.


Descubro que não há lugar
para mim
em mim.

No espaço atravancado
de tralhas e trastes,
trancada per ma ne
ço
só.
tenho uma trave
atravessada na garganta.
não ouso cantar.

há trancas na janela de minha alma.
ainda há em mim uma criança
que clama
e reclama e não se acalma,
que está só
e soluça.


Um fiapo de luz
espreita pelas frestas
da janela.

E a luz bailarina
em rodopios dourados,
vestida de poeira
entra e dança.
leve e mansa.

Eu me alterno
terna, tão terna;
triste e tão tensa..

Ora te acolho,
e ora me recolho
nas profundezas de mim.

Ah! Esta alternância
entre luz e sombra,
na alma que, ora
se esconde e chora,
ora requebra e canta.

Mas vê...
novas formas recriei
na argila umedecida.
Novas canções compus
com as mesmas notas
mas em oitavas mais altas.

É minha nova canção,
Eu mesma fiz
com toda a delicadeza
de que fui capaz.

Escuta
Tem um som de chuva e vento,
um som de cachoeira
borbulhante,
descendo por entre o sulcos,
que o tempo foi arando
na lavra do coração.









quarta-feira, 2 de outubro de 2013

VERDADE

- “A verdade é inalcançável, todavia devemos nos aproximar dela por tentativas”. [Karl Popper, filósofo da ciência

sábado, 28 de setembro de 2013

SINTA MAIS E PENSE MENOS

            Bourbon ao anoitecer. Cúpula da Igreja São João ao fundo.
               Bourbon árvores douradas e céu azul cobalto.
                        céu azul escuro intenso
                  Aqui se pode ver a cúpula da Igreja São João ao fundo.

“Sinta mais e pense menos.
Não lute contra os pensamentos, porque isso cria conflito.
Em vez de resistir, desloque a energia para o coração.
Cante em vez de pensar; ame em vez de filosofar; leia poesia, não prosa; dance, e não importa o que fizer, faça-o com o coração.
Quando você prestar atenção nele, ele voltará à ativa. E quando isto acontecer, a energia que estava circulando apenas na mente começara automaticamente a se mover também pelo coração.”
Resumo de um trecho de Osho. Uma farmácia para a alma.

Penso demais...
Mesmo agora, enquanto escrevo um resumo das palavras de Osho, fico a pensar sobre o que está escrito. Mas já dei o primeiro passo em direção ao coração.
Sentir mais não tem nada a ver com sentimentalismos. É apenas isto: sentir mais.
Hoje quando voltava do mercado, em vez de correr para o carro, louca para me ver livre das compras, fui caminhando devagar pelo estacionamento e parei para olhar em volta.
O céu estava de um azul cobalto profundo.
Atrás, no alto, cintilava a torre da Igreja São João.
Parei. Tirei fotos, como se tivesse todo o tempo do mundo à minha disposição. E tenho. Meu tempo me pertence enquanto viver.
Sorri para as pessoas que passavam, que me retribuíram com um sorriso igual. Deu vontade de abraçá-las, mas parei por aí. Sorrir já é um bom começo.

Guardei as compras. Entrei no carro e fui sem pressa para casa, com meu tesouro de imagens capturadas ao anoitecer.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013

FOTOSHOP


Victoria com 15 anos - montagem janela e flores.



Liseane 15 anos - montagem com flores.


 Saia de papoula vermelha. (balé Mexicana)
Saia montagem com penas de flamingos (balé E O Vento Levou)

sábado, 21 de setembro de 2013

FILHO



Filho ...
não tem tamanho.
Cabe no espaço
eternamente
reservado para ele.

Cabe no olhar 
Cabe no abraço,
seja ele mais de um
ou um somente.

Filho 
não tem idade.
O tempo passa.
O filho não.

Continua filho
o mesmo de antes
no coração.

Para o Eduardo no aniversário dele no dia 17 de setembro.
Vânia


RENASCER


Ela é um desses seres
especiais
e é linda,
com seus cabelos
entre o castanho e o ouro
das folhas outonais.

Tem o porte de ave majestosa
em aparente repouso.

Quero dizer-lhe que voe,
quero dizer que não vá.

Não importa o que quer que eu diga:
ela irá.

As aves já desfazem seus ninhos
entre as mãos que se abrem
para o vôo.
Os ventos já desfolham seus cabelos
e as folhas se desprendem
de seus ramos.

É primavera!
na estação amena,
entre flores
e cores,
ela, outra vez 
e, ainda, 
outra vez,
renascerá.
Para Liseane, minha filha,  em seu aniversário, no dia 24 de setembro.
Vânia.

MUDANÇAS




Não sei se posso partir.
transplantar-me assim,
tão facilmente.

Árvores mais velhas
fincam raízes
profundas.

Já me bastam as mudanças
de estações.
Temo partir
e não mais florescer.

A PALAVRA



Por que não escrevo alguma coisa?
Poema, frase, qualquer coisa
Que fale deste sentir que me arranha por dentro
E pede para sair?

Porque ainda não escutei nada
Que possa dizer tanto.

Não existe uma palavra

Para tanto encanto.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

BELEZA - SIGNIFICADO








BELEZA - BET EL ZA

Descobri que o significado de BELEZA é 
"A casa onde Deus brilha".

É por isso que me preocupo tanto em arrumar a casa. 
Não se trata de 'decoração'. Trata-se de colocar em seu interior, principalmente, porque estou limitada a um apartamento e seu exterior não depende só de mim, cores, luzes, objetos, ordem, harmonia em todos os sentidos, que me façam bem aos olhos e ao coração.
Deus para mim é equilibrio, harmonia, perfeição. 
Mesmo que se tenha Dele uma visão antromórfica, não tão abstrata, Ele deve ser constituído destas virtudes. Deus tem de ser Beleza em seu sentido mais profundo. Beleza que vem do fundo, não apenas superficial.
A casa sou eu e quero que Deus se sinta bem nela. Que, quando visitar-me, deseje ficar mais tempo e, que, quando se for, para outras casas, deixe meu lar iluminado com a Sua presença e BELEZA.
Vânia

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

O MILAGRE DA VIDA



Deus pôs sobre nossos olhos o véu do esquecimento, talvez para que não conhecêssemos o milagre da Eternidade: a vida depois da vida.
Talvez não queira que nos seja revelada a beleza que existe após a morte e que esta é um portal para a verdadeira vida além desta que conhecemos.
Ele não quer que nos apressemos, assim como o pai zeloso não deseja que o filho abandone seu curso antes de concluído. Ele quer que aprendamos nossa lição sobre paciência, perdão, humildade, gratidão, solidariedade, amor, e nos dá o tempo certo para isto.
Tememos a morte... apegamo-nos à vida como se ela fosse tudo o que temos. Esquecemos que, antes de estar aqui, já estivemos lá, no lugar para o qual voltaremos um dia.
Tememos a morte porque esquecemos de onde viemos.
Morrer é retornar à casa do Pai, à Unidade da qual fazemos parte. Na casa de Deus não há separações, não há solidão, não há perdas. Somos um só.
Aqui pagamos o preço da individualização, do ego adquirido. Sofremos com o que pensamos serem nossas perdas, porque cremos que algo ou alguém nos pertence. A ideia de finitude nos assusta e nos agarramos ao que julgamos possuir.
Lá, na vida que segue, somos partes infinitezimais do Todo.
Aqui, quando alguém a quem amamos parte, pensamos tê-lo perdido, Mas não deve ser assim. Conosco fica parte de sua essência. Ficam as lembranças melhores que nos ajudou a construir. Na saudade fica a sua melhor parte. Com ele vai também, na memória de seu espírito, parte de nós, porque estamos todos interligados.
Estamos todos interligados como a trama e a urdidura de um mesmo tecido.
Somos os fios da mesma rede que ilumina uma cidade .
Os desafetos são os fios que se rompem.
O amor deveria ser a fonte de energia que alimenta toda a rede e deveria ser a mão que trabalha no tear.
Não estamos sós. Estamos para sempre unidos, aqui e lá, na eternidade.
Somos um só.

Vãnia

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

SETE REGRAS BASTANTE ÚTEIS DE CONVIVÊNCIA



Quando os ânimos estão exaltados, o bom senso é o primeiro a tombar em batalha – o que, infelizmente, não significa que ele esteja a salvo quando tudo parece calmo.
Na verdade, o pensamento sensato é uma das mais contraintuitivas habilidades humanas.
 Agir e pensar contra os impulsos, as ideias preconcebidas ou aquilo que se aprendeu a acreditar exige esforço e alguma humildade. Não é natural, mas pode ser treinado. 

O filósofo Daniel C. Dennett, que propôs uma das mais contraintuitivas teorias do pensamento ao questionar o conceito de “livre arbítrio”, escreveu um artigo no jornal The Guardian em que apresenta sete regras bastante úteis
no mundo real e nas redes sociais, nestes dias em que a paixão e a irracionalidade do estádio de futebol parecem ter migrado para o debate político.  
As sete ferramentas do pensamento crítico, segundo Dennett, são as seguintes:  

1)  Saiba errar 
Todo erro oferece uma oportunidade de aprendizagem, mas para isso é preciso ter honestidade intelectual e disposição para corrigir a rota. 

2) Respeite o adversário
Se você quer ser ouvido, experimente ouvir os outros e considerar seus argumentos antes de dar a eles uma resposta pronta – ou um coice. Não seja pedante, cínico,  arrogante: essa é uma péssima propaganda para as suas ideias.

3) “Evidente”, só que não
Desconfie de expressões como  “evidentemente” quando elas não vêm acompanhadas dos argumentos que detalham o que era para ser óbvio – e quase nunca não é. 

4) Responda perguntas retóricas
Como o “evidentemente”, as perguntas retóricas não servem para nada e ainda desviam o rumo do debate: “Quem pode dizer o que é certo ou errado?”. Qualquer um.

5) Observe a Lei da Parcimônia 
Se algo pode ser explicado em poucas palavras e de forma simples, dispense as argumentações longas e extravagantes. 

6) Lembre da Lei de Sturgeon
Theodore Sturgeon (1918 – 1985) foi um autor de ficção científica e cunhou a seguinte frase: “90% de tudo é bobagem”. Dennett concorda que isso pode ser um exagero, mas sugere que não se perca tempo com argumentos que não se sustentam.

7) Fuja do “profundismo”
Reconheça pensamentos supostamente profundos que são apenas banais. Dennett criou a expressão “deepity” para definir aquele tipo de frase que parece bonita, mas na verdade é apenas vazia, tipo “o amor é só uma palavra” ou “a felicidade está nas pequenas coisas”.  O “profundismo” é tudo menos “profundo”  – e talvez por isso faça tanto sucesso nas redes sociais e nas mesas de bar.
·        

ELEGÂNCIA - SIGNIFICADO


Gosto de pensar no significado das palavras. Descobri o que significa a palavra  ELEGÂNCIA. Para dizer a verdade, foi minha filha quem me disse.
EL GAN CIA significa 
"Caminhar com a veste de Deus."

Não tem nada a ver com acessórios, vestuário, pose, ser articulado, corte de cabelo, estas coisas. 
Tem a ver com alguma coisa especial que distingue determinadas pessoas. Algo que vem de dentro para fora e se manifesta no olhar com que abraça, no tom de voz com que acolhe a quem se dirige ao falar, na postura atenta, calorosa, sem ser curiosa ao ouvir o que alguém diz.
Quando encontramos alguém assim, sequer lembramos do que vestia então. Lembramos dela, só dela, do seu jeito especial que fazia com nós quiséssemos estar a seu lado. 
E se alguém nos perguntasse  o que vestia, diriamos, se nos atrevessemos a dizer:
- Ela usava a veste de Deus. Vestia-se de Luz..

POLITEÍSTA, NATURALISTA OU PANTEÍSTA? O QUE SOU?



“Quanto a mim, não posso, dadas as tendências variadas do meu espírito, contentar-me com uma única maneira de pensar.
 Como poeta e artista sou politeísta, como naturalista, inversamente, sou panteísta, e uma coisa tão decididamente como a outra. 
Se eu tiver necessidade de um Deus para uma personalidade de ser moral, está tudo preparado para responder também a essa exigência. 
As coisas do Céu e da Terra são um  domínio tão vasto que unicamente os órgãos de todos os seres reunidos são aptos para as envolver”.


(Carta de Goethe a Friedrich Heinrich Jacobi, 6 de janeiro de 1813, 1998f¹) 


FIOS ENTREVERADOS NO CÉU URBANO




“Cada vez mais fios atravessam o horizonte, mas parece até que ninguém se importa. O olhar urbano já se habituou ao emaranhado que polui a paisagem. E, quando algum cabo se rompe, fica difícil encontrar o fio da meada.”

Eu me importo.
Meu olhar não se habitua,
Não.
Acaso o hábito de assistir ao que é feio nos torna insensíveis à feiura?
Maria Inês Lobato, psiquiatra, disse que dá bem-estar abrir a janela e avistar a paisagem limpa, em vez de obstruída por um monte de fios.
E ressalta que isto é muito importante.
Também acho.
Já me bastam os nós na minha cabeça que tenho de desembaraçar.
Já nos bastam os nós no poder público que ninguém consegue desatar.
Os fios embaraçados nos céus urbanos já são um reflexo da confusão em que vivemos.
Não é a estética um reflexo da ordem e harmonia de que se necessita tanto?
Por que não enterram os fios? Porque um empurra para o outro a decisão de fazê-lo.
O problema é o desinteresse e a acomodação e a irresponsabilidade e sei lá mais o quê dos que não estão nem aí e que poderiam, se quisessem realmente, fazer algo para beneficiar a cidade.
Seu Nataniel, aposentado, como eu, se aborreceu  e reclamou e insistiu.  Não sei o que conseguiu.
Como eu e outras pessoas como Maria Inês, ele olha pela janela e vê o que os homens do poder público não vêem, porque seus olhos habituados à feiura, não conseguem e nem querem enxergar. 

Vânia.

domingo, 25 de agosto de 2013

PARA ALGUÉM QUE NASCEU EM SETEMBRO





Suavemente ruiva,
Entre a avelã e a sépia,
Como as folhas hesitantes
De um outono tropical.

Assim é sua cabeleira
Transbordante.

Naturalmente ruiva.
Cabelos em chama
Ao sol...
café ao leite,
mais café que leite,
na sombra.







Os olhos
de um verde iluminado,
Com vestígios de azul
E cinza
Como as folhas rendadas
Entreveradas com o céu.

Tão simplesmente linda,
Rosto de madona,
Tão linda e simples
É o que ela é.

Nasceu rosada,
Ao meio-dia,
Em pleno dia.
E sol a pino.

Nasceu em dia de sol
sem nuvens
Abriu os olhos,
Sorriu pra mim...
E eu não sabia
Que sorriso podia
Ser  tão azul assim.

Vânia

FILHOS E AMOR






Dizemos amar nossos filhos.
Estive pensando nisto. Conclui, com um gosto amargo na boca, que amamos sim, mas de um jeito particular, que nem sempre é o melhor.
Falo baseada na minha própria experiência. Não generalizo.
Amo, pensava, porque me preocupo com eles, tento dar-lhes o que pedem ou que acho que necessitam, mas nem sempre o que precisam. Desculpo tudo e me culpo por tudo,. Sofro quando os vejo sofrer, pedindo a Deus que os poupe de tudo.
Não percebia que ao preocupar-me com eles, estou de certo modo dizendo-lhes que me tomam todo o meu tempo com esta pré-ocupação sem fim, sem deixar tempo para mim. Rimou. Ao dar-lhes coisas, tento compensar o que falta em mim... de amor sereno, receptivo, em vez de dador. Ao desculpá-los e culpar-me sempre por suas próprias falhas, roubo deles o respeito por si mesmos e a capacidade de se construirem e evoluirem a partir do reconhecimento de si mesmos. Ao sofrer por eles, roubo de suas vidas experiências que só eles podem passar e superar.
Na verdade, quero poupar-me. Quero que sejam felizes, bem resolvidos, serenos, para que me permitam ser feliz, bem sucedida e sossegada.
Na verdade, ao dar, tomamos. Ao desculpar, me sinto perdoada. Ao carregar as culpas dos filhos, livramo-nos da nossa de, em algum momento triste, mas não impossível, senti-los como um fardo pesado para nossos ombros despreparados. Ao nos preocupar, livramo-nos de ter de preencher com um significado maior nossas próprias vidas. Achamos um motivo para justificar nossa falta de motivação para tomar decisões que tornem nossas próprias vidas algo que faça com que viver valha a pena. Acabei generalizando ao dizer nós em vez de eu, talvez para não ficar sozinha nessa exposição do que sou.
Estive pensando... que o que eles querem, na verdade, é uma mãe mais feliz, mais apaziguada, mais leve.
Os filhos precisam, e aí posso generalizar, é de nossa alegria, não de nossas lágrimas; de nossa esperança, não de nosso desespero; de nossa fé, não de nossos medos; de nossa serenidade, não do peso de nossas culpas; de que nos sintamos gratos por existirem, não de sua gratidão por ter-lhes dado a vida; de ouvidos para ouvi-los, não de nossas bocas com respostas prontas e que, pretensamente, julgamos ser sensatas.
Os rios não precisam de quem oriente seu curso, mas de quem os contemple da margem com alegria.
Os pássaros não precisam de quem os ensine a cantar, mas de quem ouça seu canto e, talvez, possa cantar com eles.
Porque, quando amamos, somos naturalmente felizes e isto nos faz maiores e capazes de amar não só os filhos, mas, quem sabe um dia, toda a humanidade.

Vânia