quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

A TIRANIA DA FELICIDADE

Quem diria que a obrigação de ser feliz se tornaria um novo motivo para o sofrimento?
Ser feliz passa a ser um dever e sofremos ao constatarmos o quanto é difícil cumpri-lo.
Só pelo fato de tornar-se uma obrigação passa a ser um peso e um desafio. 
Freud disse que não fomos feitos para ser felizes. Exulto, não porque é bom ser infeliz, mas porque, se ele disse, é porque este é um estado mais do que comum, não só um defeito meu.. 
Segundo o livro que inspirou-me este texto, alguém comentou o caso de um belga chamado Fréderic, sobre o qual ouviu falar no Havaí. Bom... ele viajou por muitos lugares interessantíssimos, com o objetivo de escrever roteiro para viajantes. Quando alguém perguntou-lhe qual era o melhor lugar para se conhecer, a resposta foi: "É tudo nojento". "Na verdade, nada vale muito a pena".
A conclusão de Flávio Arruda que contou este caso, foi que a gente não foi feito para estar satisfeito. Quem está em um escritório, gostaria de estar viajando; quem está viajando, gostaria de levar de vez em quando uma vida pacata de escritório. quem casou inveja a vida do solteiro; quem não casou, gostaria de estar casado.
O autor do livro diz que talvez o problema esteja, além de outros fatores externos, em nossa inaptidão para a felicidade. Diz que, vez por outra, com ou sem motivo concreto, as pessoas ficarão mais ou menos tristes, e que se isto não acontecer com alguém, ele estará tão doente e desligado da realidade quanto aquele que quase nunca consegue estar feliz.
Infelizmente, nossa sociedade de consumo cria uma expectativa que jamais é alcançada. O que o outro tem ou as novidades que surgem nos fazem crer que o outro consegue ou o que surge de novo é sempre mais desejável. 
O jeito, me parece, se é que há um jeito, é tentar descobrir nosso ritmo e dançar segundo nossa música interna.O que move cada um não é o que move todos os outros. Descobrir o que realmente está nos faltando, que vazio estamos tentando preencher, o que realmente nos faz falta é um começo

Diz o autor que um dos maiores desafios do homem ocidental é conseguir tornar interessante o seu cotidiano. 
E, principalmente, penso eu, entender que o que é interessante para mim não é necessariamente para outro.
Quando deixarmos de nos comparar com as outras pessoas e copiar o que elas fazem de "interessante", estaremos desviando o olhar do exterior para o interior, onde nós estamos, a espera de que nós nos aceitemos do jeitinho que somos.



Do livro: Quem ama não adoece. De Dr. Marco Aurélio Dias da Silva.



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