Deus pôs sobre nossos olhos o véu do
esquecimento, talvez para que não conhecêssemos o milagre da Eternidade: a vida
depois da vida.
Talvez não queira que nos seja revelada
a beleza que existe após a morte e que esta é um portal para a verdadeira vida
além desta que conhecemos.
Ele não quer que nos apressemos, assim
como o pai zeloso não deseja que o filho abandone seu curso antes de concluído.
Ele quer que aprendamos nossa lição sobre paciência, perdão, humildade,
gratidão, solidariedade, amor, e nos dá o tempo certo para isto.
Tememos a morte... apegamo-nos à vida
como se ela fosse tudo o que temos. Esquecemos que, antes de estar aqui, já
estivemos lá, no lugar para o qual voltaremos um dia.
Tememos a morte porque esquecemos de
onde viemos.
Morrer é retornar à casa do Pai, à
Unidade da qual fazemos parte. Na casa de Deus não há separações, não há
solidão, não há perdas. Somos um só.
Aqui pagamos o preço da
individualização, do ego adquirido. Sofremos com o que pensamos serem nossas
perdas, porque cremos que algo ou alguém nos pertence. A ideia de finitude nos
assusta e nos agarramos ao que julgamos possuir.
Lá, na vida que segue, somos partes
infinitezimais do Todo.
Aqui, quando alguém a quem amamos parte,
pensamos tê-lo perdido, Mas não deve ser assim. Conosco fica parte de sua
essência. Ficam as lembranças melhores que nos ajudou a construir. Na saudade
fica a sua melhor parte. Com ele vai também, na memória de seu espírito, parte
de nós, porque estamos todos interligados.
Estamos todos interligados como a trama
e a urdidura de um mesmo tecido.
Somos os fios da mesma rede que ilumina
uma cidade .
Os desafetos são os fios que se rompem.
O amor deveria ser a fonte de energia
que alimenta toda a rede e deveria ser a mão que trabalha no tear.
Não estamos sós. Estamos para sempre
unidos, aqui e lá, na eternidade.
Somos um só.
Vãnia
Nenhum comentário:
Postar um comentário