A gente pode amar e não gostar no entanto.
Gostamos do que nos agrada,
Do que sintoniza conosco,
Do que não diverge de nós.
Gostamos do que compreendemos
E não do que nos causa espanto
E desconforto.
E exige demais de nosso entendimento.
Gostamos de poder adormecer
Sem interrupções,
De poder acordar sem sobressalto.
Gostamos de quem nos ouça
E não nos interrompa
A todo o instante,
Nem sempre em voz alta,
Mas com aquele olhar silencioso
E que te faz calar.
E, no entanto, amamos
Mesmo sem a devida sintonia,
Mesmo quando não entendemos,
Porque de repente compreendemos,
E a compreensão se faz pela linguagem do coração.
Quem ama aprende com o ser que ama:
Compreende,
E aceita,
Ainda que perplexo,
Com a força deste sentimento,
Que não sabia ser possível.
Quem ama,
Mesmo quando dorme,
Permanece atento, vigilante,
E escuta o chamado
Do ser amado
Antes que se faça.
Quem ama
Ouve, não interrompe,
Embora o deseje, às vezes,
Pois instintivamente conhece
A sabedoria do silêncio necessário.
Quem ama não se ressente
Quando não é amado na mesma medida,
Porque seu amor não tem medidas
E é impossível alcançá-lo.
Amar é algo que se começa a aprender
Quando o filho vem
Para nos ensinar.
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