Em horas quietas,
quando tudo dorme,
Ouço rumores
que me vêm de longe
E que me trazem
uma saudade enorme.
São sons de coisas tão distantes,
coisas de antes, muito antes,
de eu aprender a me entristecer.
São sons guardados na lembrança boa
de um tempo que passou... não volta mais.
É o tic-tac que jamais se cansa
de um velho relógio de parede;
São certos sons serenos da rotina,
dos meus dias distantes de menina,
dias lentos, tão lentos a passar.
É a saudade que invade
sem aviso
o agora,
É a memória que chega,
sem se esperar,
sem hora.
Saudade
sem aviso
o agora,
É a memória que chega,
sem se esperar,
sem hora.
Saudade
de uma velha cadeira de balanço,
do embalo, do colo, do aconchego,
que não encontro mais.
Ainda ouço
o ranger das juntas da madeira
em vai-e-vem constante
até o instante de o sono vir.
Ah! Esse som
bom
de coisas
tão antigas,
de um velho relógio
e uma cadeira traz
uma vontade
de dormir,
serena,
E pra dentro da
gente
tanta paz.
Escrito há tanto tempo que já nem sei mais quanto tempo faz...
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