fotografia que tirei de minha filha, quando ela tinha 20 anos, mais ou menos. |
Achei o artigo abaixo interessantíssimo para quem deseja conhecer-se, bem como conhecer aqueles com quem se convive e a quem se ama, respeitando as suas individualidades.
Tomei a liberdade de sublinhar o que me pareceu mais significativo, omitir alguma coisa sem prejudicar o conteúdo, e escrever em itálico e entre parênteses observações pessoais.
“O primeiro ponto a ser compreendido é o ego.
Uma criança nasce sem qualquer consciência de seu próprio eu. E quando uma criança nasce, a primeira coisa da qual ela se torna consciente não é ela mesma;
A primeira coisa da qual ela se torna consciente é o outro.
Isso é natural, porque os sentidos abrem-se para fora.
Assim, quando uma criança nasce, ela abre os olhos e vê os outros. O outro significa o 'tu'. Ela primeiro se torna consciente da mãe. Então, pouco a pouco, ela se torna consciente de seu próprio corpo. Esse também é o 'outro'...
Ela está com fome e passa a sentir o corpo; quando sua necessidade é satisfeita, ela esquece o corpo. É dessa maneira que a criança cresce.
Primeiro ela se torna consciente do outro, e então, pouco a pouco, contrastando com este outro, ela se torna consciente de si mesma.
Essa consciência é uma consciência refletida. Ela não está consciente de quem ela é. Ela está simplesmente consciente da mãe e do que ela pensa a seu respeito. Se a mãe sorri, se a mãe aprecia a criança, se diz 'você é bonita', se ela a abraça e a beija, a criança sente-se bem a respeito de si mesma. Assim, um ego começa a nascer.
Por meio da apreciação, do amor, do cuidado, ela sente que é ela boa, ela sente que tem valor, ela sente que tem importância.
Um centro está nascendo. Mas esse centro AINDA é um centro refletido. Ele não é o ser verdadeiro. A criança não sabe quem ela é; ela simplesmente sabe o que os outros pensam a seu respeito.
E esse é o ego: o reflexo, aquilo que os outros pensam. Se ninguém pensa que ela tem alguma utilidade, se ninguém a aprecia, se ninguém lhe sorri, então, também, um ego nasce - um ego doente, triste, rejeitado, como uma ferida, sentindo-se inferior, sem valor. Isso também é ego. Isso também é um reflexo."
(ao sentir-se inferior também está refletindo o sentimento, a opinião dos outros sobre ela. E isto não é o que ela é. É o ego distorcido que se formou em contato com a visão distorcida dos outros.)
"Primeiro a mãe. A mãe, no início, significa o mundo. Depois os outros se juntarão à mãe, e o mundo irá crescendo. E
quanto mais o mundo cresce, mais complexo o ego se torna, porque muitas opiniões dos outros são refletidas."
"O ego é um fenômeno cumulativo, um subproduto do viver com os outros.
Mas Se uma criança vive totalmente sozinha, ela nunca chegará a desenvolver um ego. Isso não vai ajudar. Ela permanecerá como um animal.... Ela não virá a conhecer o seu verdadeiro eu.
No entanto...
O verdadeiro só pode ser conhecido por meio do falso, portanto, o ego é uma necessidade. Temos que passar por ele. Ele é uma disciplina.
Você não pode conhecer a verdade diretamente."
(Primeiro você tem que ... reconhecer o que é falso e distinguir do que é verdadeiro.. Por exemplo: Se alguém omitir uma opinião sobre você, mas, pelo conhecimento de si mesmo que aprendeu a desenvolver através do exame consciencioso de si mesmo, irá aceitar ou não o que é dito sobre você. Você então saberá quem verdadeiramente é. não uma sombra, nem um reflexo, mas um ser real.)
Se você conhece o falso como falso, a verdade nascerá em você.
(E como já foi dito: A verdade de libertará.)
"O ego é uma necessidade social, é um subproduto social.
A sociedade significa tudo o que está ao seu redor, não você, e tudo que o rodeia irá refletir você. Você irá à escola e o professor refletirá quem você é. Você fará amizade com as outras crianças e elas refletirão quem você é.
Pouco a pouco, todos estarão adicionando algo ao seu ego, e todos estarão tentando modificá-lo, de modo que você não se torne um problema para a sociedade.
Eles não estão interessados em você. Eles estão interessados na sociedade. A sociedade está interessada nela mesma. Eles não estão interessados no fato de que você deveria se tornar um conhecedor de si mesmo. Interessa-lhes que você se torne uma peça eficiente no mecanismo da sociedade. E toda criança deve ser educada de tal forma que ela se ajuste à sociedade, porque a sociedade está interessada em membros eficientes.
(No entanto penso que podemos ser membros mais eficientes se formos felizes e para isto, temos de ser integrados, plenos, verdadeiros. E para isso precisamos nos tornar conscientes do que somos. Respeitando nosso verdadeiro Eu, poderemos respeitar e considerar os outros como eles são.)
Ensinam-lhe a moralidade.
Moralidade significa simplesmente que você deve se ajustar à sociedade.
Se a sociedade estiver em guerra, a moralidade muda. Se a sociedade estiver em paz, existe uma moralidade diferente.
A moralidade é uma política social. É diplomacia.
A sociedade não está interessada no fato de que você deveria chegar ao auto-conhecimento."
A sociedade cria um ego porque o ego pode ser controlado e manipulado. O eu nunca pode ser controlado e manipulado.
A criança necessita de um centro; a criança está absolutamente inconsciente de seu próprio centro. A sociedade lhe dá um centro e a criança pouco a pouco fica convencida de que esse é o seu centro, o ego dado pela sociedade."
(E quanto dela fica na sombra neste processo de ajustamento. Regras e limites são necessários na convivência com os outros, como cercas que separam pátios vizinhos. Mas deve haver um portão que lhe dê acesso ao seu interior, para que ela possa descobrir a si mesma).
"Uma criança volta para casa. Se ela foi o primeiro lugar de sua sala, a família inteira fica feliz. Você a abraça e beija; você a coloca sobre os ombros e começa a dançar e diz 'que linda criança! você é um motivo de orgulho para nós.' Você está dando um ego para ela, um ego sutil. E se a criança chega em casa abatida, fracassada, foi um fiasco na sala - ela não passou de ano ou tirou o último lugar, então ninguém a aprecia e a criança se sente rejeitada. Ela tentará com mais afinco na próxima vez, porque o centro se sente abalado.
O ego está sempre abalado, sempre à procura de alimento, de alguém que o aprecie... Você obtém dos outros a idéia de quem você é.
Mas...
O centro verdadeiro está dentro de você.
(A partir do momento em que se encontra o próprio centro, nada poderá abalar o que somos. Estaremos nutridos, plenos, pois aprenderemos a nos apreciar e a nos respeitar).
Osho, em "Além das Fronteiras da Mente"
Fonte: Osho Brasil - http://www.palavrasdeosho.com/2009/05/ego-o-falso-centro.html