Com tanta coisa acontecendo em minha vida e nas vidas de pessoas que nem conheço, mas que fazem parte do todo a que pertenço, tenho pensado muito no significado da vida. Chega uma hora em que todos pensam. As coisas nem sempre saem como gostaríamos, mas o velho ditado de que Deus escreve certo por linhas tortas parece fazer sentido.
A vida é um caderno com linhas mal traçadas (tortas), mas Deus, ainda assim, escreve a mensagem certa para cada um, ou, pelo menos, para mim.
Creio que por trás de nossas "pequenas" vontades, há um propósito maior. É preciso estar atento aos sinais que nos são enviados.
Que a Luz Maior resplandeça sobre todos neste Natal.Vânia.
terça-feira, 20 de dezembro de 2016
sexta-feira, 7 de outubro de 2016
DO NASCER ATÉ O ANOITECER.
Não nascemos
Amanhecemos
Não envelhecemos
Entardecemos
Depois anoitecemos e sonhamos.
Amanheceremos outra vez?
Quem sabe?
Se for, acordaremos sem lembrar do que sonhamos.
HORA TRANSITÓRIA
Gosto da hora intermediária, entre a luz e a sombra.
As copas das árvores cedem espaço, reverentes, para
pequenas clareiras,
Intervalos de luz entre as sombras.
Poças de claridade aqui e ali
abrem-se no chão de terra,
ao longo da trilha na alameda.
Pinceladas de luz e sombra,
Do marrom ao dourado,
ainda úmidas
de cintilações,
traçam um desenho curioso
na tela ocre
e rugosa.
Acompanho maravilhada
O rendilhado abstrato,
Formas e tons se recriando
De instante em instante,
Acompanhando o movimento lento
do passar das horas.
Tão linda e tão breve é a hora transitória.
Em um minuto a claridade intensa incendeia os ramos
mais altos.
Quando a luz parece insinuar-se assim por entre as
formas, coando-se por entre as frestas, liquefeita, para enxugar-se por entre
as sombras, no chão.
quinta-feira, 8 de setembro de 2016
VENTANIA
Os ventos de ontem descabelam até pensamento...
Poemas sem consistência, ou apenas leves, o vento carrega e se perdem céu adentro.
Pandorgas ganham força arrastando as crianças.
As nuvens se esgarçam em fios de algodão e água nas mãos das deusas tecelãs.
As árvores se despem das folhas e das flores, e o corpo nu de muitos braços curva-se na ventania, temeroso de perder suas raízes.
As águas do rio correm mais depressa, surpreendendo os capins plumosos dançarinos às suas margens.
A menina vai, os pés altos do chão, levada pelo sonho e o velho se rende e refugia dentro do casaco. Deixa cair o sonho na pressa de buscar o caminho de casa.
Eu recolho poemas que se perderam em minhas andanças por esses caminhos de vento. Eu me busco no entrevero de lembranças desfolhadas.
E me desconstruo, como dizem por aí, levada pelo vento.
quarta-feira, 7 de setembro de 2016
PALAVRA E SEUS DISFARCES
“A palavra foi dada ao homem para disfarçar o próprio pensamento.” talleyrand
Quando escrevo, o que escondo e o quanto revelo?
O que não me atrevo a dizer, sequer a pensar? O pensamento atravessa o silêncio e se expõe no olhar, nas mãos, nas linhas entre as sobrancelhas, na curvatura da coluna. Será meu ego um professor tão rígido assim?
Falo na primeira pessoa, mas me refiro a todos.
domingo, 4 de setembro de 2016
A BELEZA EM UM DIA DE CHUVA
Quando ouço e
vejo a chuva, os trovões e os relâmpagos riscando o céu, e sinto uma estranha
calmaria me envolver, percebo que estou curada enfim.
Posso ver a
beleza de um dia de sol. Visto meus óculos de chuva e, diante de mim, para mim, abre-se um sol
dourado em um céu eternamente azul.
O dia é
perfeito quando o coração se ilumina.
domingo, 28 de agosto de 2016
MENINA
Sou cântaro vazio
És fonte menina
Água benta cristalina
Que abençoa meu viver
És sim como a água pura
Que sacia a minha sede
Que me renova e me cura
E me faz de novo crer.
Sou um cofre vazio
És meu ouro, o tesouro
Que me basta pra viver.
Sou a terra ressequida
És a flor de minha vida
Flor do campo, mais cheirosa
És minha menina rosa
Que em meu coração nasceu.
És meu caso
O mais sério
Dos meus casos sérios
De amor
Na minha noite
Azul cobalto
Te vi descendo
Do alto
Vestida de luz menina
Feito estrela matutina
Me trazendo o amanhecer.
VISITANTE DO DIA
Passa do meio dia.
Eu o espero,
pois amanheceu claro e bonito.
Sei que vem.
Vem silencioso,
Desenhando claridades
Recortando rendas
Em meu quarto azul.
E se esparrama
em minha cama
Para o cochilo
Costumeiro da tarde.
Convida-me a deitar junto dele.
Digo que não, relutante,
Tentada pela quentura
Suave da coberta ao toque
Do olhar.
Digo que não.
É preciso estar atenta
Para que o momento mágico
Não escape de meus olhos
E o anoitecer não me surpreenda
Antes que ele,
Meu visitante da tarde,
Se vá ... mais uma vez.
Em uma tarde de sol, depois das doze
horas, quando maio já termina.
segunda-feira, 15 de agosto de 2016
VENTOS
Gosto de vento,
de leveza e
transparências.
Lenços de seda
Vestidos de renda
Laços de organza
Cortinas de voile
Dosséis de filó...
Ah!
Brincávamos com eles
Fazendo de conta que eram véus de noiva,
As cortinas, cabeleiras que o vento despenteava.
E o vento levou
o sonho...
Nuvens esfarrapadas
Desfiadas pelos galhos secos das árvores no inverno.
Mas ainda gosto de leveza
E transparências.
Palavras suaves,
Que tenham sons leves,
E não arranhem meu dia.
Cortinas transparentes
Que cubram meus olhos cansados,
Que disfarcem os duros contornos
Da vida,
Mas não me impeçam de olhar
Atentamente.
16 de agosto
quinta-feira, 11 de agosto de 2016
LILIPUTIANOS
Quando eu era criança tudo me parecia enorme. A casa onde cresci. O pátio (e este era mesmo). A cidade. Os adultos. E o mundo... este era o próprio Universo, não esta bolinha pendurada no céu, infinitamente pequena como um átomo de meu corpo.
Eu me sentia como Gulliver na terra dos gigantes em Brobdingnag.
E o tempo? Se arrastava, imperceptível como a Terra ao redor do sol.
Cresci ou o mundo encolheu?
Parei em uma curva, enquanto o tempo passou por mim acelerado, deixando em mim essa estranha sensação de urgência?
E os homens grandes em quem eu confiava só porque eram grandes. Onde estão os grandes homens em que eu acreditava quando era criança?
Ou são minúsculos como os liliputianos de Gulliver?
E eu? Encolhi também, enquanto meu olhar cresceu?
Hoje, às 10 horas.
quarta-feira, 27 de julho de 2016
ACONCHEGO
Esta é a idéia que faço de aconchego. Lareira de pedra. Paredes revestidas de madeira. Neve lá fora. Fogo aceso dentro. Cachorro esparramado no tapete. Só está faltando o gato.
segunda-feira, 18 de julho de 2016
ESTÁ CHOVENDO NA ROSEIRA
Quando posto imagens que me encantam, é porque preciso compartilhar meu encantamento.
Lembro de quando era criança e via coisas que me extasiavam por serem belas, ou simplesmente novas para mim, como o mar, eu exclamava: Olha!Olha!
Faço como Tom Jobim, que disse para alguém: “Olha: está chovendo na roseira.” Algo comum, para ele era motivo de encantamento e se transformava em canção.
Assim sou eu, sem ousar me comparar, já que não componho e às vezes, muitas, tropeço nas palavras. Sequer consigo pintar o que me assombra e apaixona. O que temos em comum é o olhar maravilhado.
Isto foi depois de ler a crônica do David Coimbra na ZH: ESTÁ CHOVENDO NA ROSEIRA.
Hoje às 13horas.
CONCERTO CHUVA SOLO
A CHUVA
ENTRE TODAS AS
MÚSICAS DO MUNDO E DO CÉU, ENTRE TODAS
QUE ESCUTO CÁ DE CIMA OU LÁ DE BAIXO, ESCOLHO O CONCERTO PARA CHUVA SOLO.OUÇO
COMO EM UMA MISSA, TODA VEZ QUE ELA SE DEIXA OUVIR NA CLARABÓIA DA MINHA CASA.
EDUARDO GALEANO.
Sempre desejei ter uma clarabóia no teto do meu quarto para ouvir a chuva batendo contra o vidro.
Gosto de temporais, desde que esteja protegida em minha cama e edredons.
É mesmo um concerto solo, como escreve Galeano. A chuvarada me lembra o "Concerto Revolucionário" de Chopin onde as notas musicais tomam formas liquidas regidas pela ventania.
Quem sabe ele a compôs em noite de tempestade?
Quem sabe?
domingo, 10 de abril de 2016
FICAREI NAS PALAVRAS QUANDO ME FOR
Não quero passar pela vida
como uma lufada de vento,
nem me consumir
no fogo de meus anseios,
ser folha jogada
ao vento,
nem cinza do que me restou.
Quero esculpir nas rochas,
Com minhas mãos de água,
Formas indefinidas e belas.
Quero tecer caminhos de terra
Para os que caminham junto
E depois de mim.
Quero caminhar com palavras,
Já que andar não posso como antes,
Dizer o pouco do que sei
E o muito do que sinto
Quando eu me for,
quero
Permanecer sempre
viva
em meus versos.
quarta-feira, 2 de março de 2016
LÁGRIMA DE ANJOS
Até que enfim: chuva
Fina feito fio de linha
Chuva fininha,
Sem susto, sem sobressalto,
Escorre, suave, do alto
Das frontes dos anjos cansados.
Mas...
ela, a chuva ,
Não passou de ameaça
Ficou este cheiro
De suor e poeira.
E o ar tenso
de calor intenso,
calor represado,
à beira do céu.
Não chove.
Seco, sedento está meu olhar
Como os olhos dos anjos
Que nem chorar choram mais.
domingo, 17 de janeiro de 2016
PALAVRAS
No silêncio, entre as palavras, eu me guardo.
Não me exponho.
Visto minha roupa de sonhos,
E ponho meu véu de nuvens.
Revelo menos do que sou,
porque o que sou palavras não definem.
Nas entrelinhas entre o dizer e o sentir,
quem ousar olhar atentamente,
há de encontrar,
por trás do rosto lavado,
apenas eu.
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