Meu poema é como um bicho
Selvagem, vivo, indomado,
Um alazão preso a arreios,
um leão ruivo, enjaulado,
rugindo de dor e anseio.
Meu poema é meu grito,
Galopando campo afora...
Meu poema sou eu mesma:
Selvagem... domesticada,
Travada, não sossegada,
Segura por rédeas duras,
Como se fosse loucura
O querer se libertar.
Meu poema é minha palavra,
Segura por rédeas duras,
Que quando solto tão pouco,
Me mostra rebelde ou louca,
Mas transparente e pura.
Meu poema é um som rouco
A subir pela garganta,
Que ora chora ora canta.
Meu poema é minha fera
Que se quer soltar. Pudera!
Meu poema é minha alma
Que ainda dança
Livre e solta,
Que mão nenhuma segura
Por mais forte, firme e dura.
Vou, na palavra, a galope,
Além do horizonte,
Sem pontes,
Sem me deter
Sobre os montes.
Meu poema é minha alma,
Um alazão livre, belo,
De longas crinas revoltas,
Sem rédeas, dono, sem sela.
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Escrito em 1971, mais ou menos por
aí.
O que interessa é que me mostra como
eu sentia na época.
A metáfora escolhida tem a ver com
minha antiga paixão por estes belos animais.
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