É preciso distinguir a "tristeza de estar só" de "quietude íntima".
Pascal disse que no âmago do ser estamos intimamente ligados ao bem, à virtude, à religião.
Quando entramos pela porta que leva ao nosso interior, encontramos nossa respostas mais seguras, nos nutrimos, nos vitalizamos, para continuarmos nossa viagem terrena.
O interior é um espaço onde só cabe um: nós.
Quando nos afastamos demais deste lugar íntimo e acolhedor, afastamo-nos também da vida lá fora, pois a vemos com o olhar do outro, com o julgamento alheio, enredados nesta teia que é a vida nossa e dos outros com seus desgastes e tensões.
Por que nos sentimos sós?
porque nos sentimos vazios, sem apoio, sem segurança; quando a criança em nós em algum momento foi deixada entregue a si mesma. Não podemos resgatar esta criança. Não encontraremos ninguém na casa vazia, de longos corredores. Não encontraremos nada além de um berço vazio. A criança que éramos é apenas parte de nossas lembranças, não é o que somos hoje. Crescemos. O que ficou de nós não nos é devolvido, apenas lembranças.
Mas o que fica é este lugar em nosso íntimo, inviolável, apenas nosso. É nosso ser divino, é o lugar de luz em nós que se fortalece a cada vez que o visitamos. Quanto mais tomarmos consciência dele, menos sós nos sentiremos. Menos vulneráveis
e a mercê de opiniões alheias. Menos enredados na teia humana de contradições. Mais abertos a relações sadias, estabelecidas por verdadeiras sintonias.
Sabendo quem somos, fortalecidos com o bem que habita em nosso âmago, com a luz que nos ilumina como uma clareira nosso íntimo, poderemos sentir o cansaço do dia a dia, mas não perderemos as partes essenciais de nossa alma no emaranhado de pensamentos e sentimentos contraditórios que não nos pertencem.
Quando conseguimos estabelecer um contato com a Consciência Divina, tornando-nos um canal receptivo, sem interferências externas, não teremos mais como falar em solidão.Deus falará em nós e conosco quando nos recolhermos à caverna íntima de nosso ser interno, no santuário íntimo, onde encontramos repouso e restabelecimento para, quando estivermos com as outras pessoas, possamos transmitir o melhor de nós e ofertar nosso ser inteiro, com todas as nossas forças.
Jesus, ao retirar-se para meditar, o fazia por entender que "a elevação da alma só é possível na privacidade da solidão."
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