"O maior inferno é a incapacidade de amar."
Dostoiewski.
É quase um absurdo que passemos a vida em busca de quem nos ame, que nos sintamos ressentidos, traídos por aqueles que pensamos deveriam ter-nos dado este amor, de graça, só por termos caído 'de para-quedas' em seu berço familiar.
Passamos uma vida cobrando uma conta que não podia, em absoluto, ser cobrada, pelo fato simples de que ninguém, naquela família, nos comprou.
Viemos porque viemos, de graça, porque queríamos, eu creio, vir. Ou porque precisávamos.
E ela, a família 'escolhida', nos aparou em seus braços do jeito que sabia e podia.
Algumas de braços abertos; outras nem tanto, mas com um legítimo esforço de responsabilidade, por saberem que isto era o certo. E o dever, no cuidado diário, foi-se formando em um afeto mais ou menos poderoso. Outras, na falta de braços, nos deixaram cair, e saímos machucados na queda.
Mas o que fazer? Reclamar porque o abraço foi frouxo, não houve, ou apertou tanto que não deixou respirar?
Aí, como retaliação, negamos amor também, principalmente para quem mais precisava: nós mesmos.
De raiva, nos recolhemos solitários para dentro de um coração vazio, que se não fizermos um esforço, jamais será preenchido.
Enquanto não entendemos direito o que acontece por sermos ainda crianças demais, tudo bem. Podemos chorar e berrar, fazer birra ou nos apequenar-nos, deprimindo-nos. Mas e depois, quando alcançamos um maior grau de entendimento e compreensão? Vamos continuar a reclamar, a sofrer?
De repente, num instante de lucidez, que não vem de graça, percebemos a inutilidade da reação e partimos (queira Deus) para a ação voltada para o amor, aquele que é possível, porque sempre esteve ali, como uma semente viva no silêncio de nossos corações.
A capacidade de amar é a meta, pode ser desenvolvida e leva à redenção. E liberta da necessidade de buscar amor. Porque o amor já está, ali, dentro da alma.
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