O hoje é para ser desembrulhado como um pacote
embalado para presente
Delicadamente.
Afinal ‘hoje’ é ‘presente’. E presente é para ser
apreciado.
E mesmo que não nos encante e surpreenda, deve ser
contemplado,
enquanto o seguramos entre as mãos,
com o respeito que merece a oferenda.
Gratos, devemos dizer, ainda que preferíssemos outra
coisa.
Tenho feito o exercício do ‘presente’. Todos os dias.
Vou amanhecendo aos poucos
Entrando
No corpo
Devagarinho
Como quem cola o papel contact a uma superfície, que
perdeu a lisura,
tentando não deixar rugas e bolhas.
Olho pela fresta da janela,
Depois para A Tina,
Já deitada de barriga para cima,
À espera do meu afago.
É tudo que espera.
Quase a invejo por isto e por ter quem a afague.
Vou dedilhando carícias no pelo liso, em tons de cinza
e branco,
Enquanto falo baixinho,
porque ela me ouve sem que eu tenha de gritar,
Ou porque para ela palavras não significam muito.
O que importa é o tom
Que é de ternura e gratidão.
Os olhos de jabuticaba
Estreitados de preguiça e sono,
Semicerrados,
Escutam.
A respiração leve e ritmada
de quem medita.
Assimilo sua técnica simples
bendita herança de ancestrais
de que não lembra,
porque ela vive
o presente.
A respiração leve e ritmada
de quem medita.
Assimilo sua técnica simples
bendita herança de ancestrais
de que não lembra,
porque ela vive
o presente.
Aprendo com ela.
Respiro com ela.
Dobro com delicadeza as boas lembranças
e deposito nas gavetas do tempo.
As outras, não tão boas,
jogo no vento,
O que virá
entrego ao Senhor do Tempo.
Quando se tornaram presente
eu saberei.
Respiro com ela.
Dobro com delicadeza as boas lembranças
e deposito nas gavetas do tempo.
As outras, não tão boas,
jogo no vento,
O que virá
entrego ao Senhor do Tempo.
Quando se tornaram presente
eu saberei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário