terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O AMOR É PARA SEMPRE



Estamos todos suspensos
Sobre a terra.
Nosso pouso é breve e leve

Nossas raízes
Embora fortes
Não nos seguram
Quando mãos invisíveis
Nos levam para a nova terra
Desconhecida.

Não sei para onde vamos
Empoleirados nos ombros dos anjos
Que nos vieram buscar
Ainda não podemos voar
Porque perdemos nossas asas
Quando aqui chegamos.

Eles não nos dizem
Nem por que viemos
Nem por que voltamos
Conduzem-nos apenas
Com toda delicadeza
De que são capazes.

Voamos em seus braços
Sentindo os torrões de terra
Desprenderem-se
De nossos pés de barro.

Nossas raízes ficam,
Nossas sementes permanecem.
De certa forma ficamos nos que continuam aqui.

Os que ficam,
Se puderem,
Não chorem
Por nós

Se puderem,
Orem.
Se não tiverem forças
Para orar
Tentem não nos reter 
Em seus pensamentos de dor.

Deixem-nos ir,
Ainda que seus braços
Anseiem por nossos corpos
e nossos abraços,

Para que nossas raízes cicatrizem,
E possamos voar.

Precisamos ir.
Partimos antes
Para preparar
O caminho
de vocês.


Não esqueçam
Que a vida é um sopro.

Nosso pouso é breve
Nosso tempo é de Deus
e serve a um propósito maior.

Estamos suspensos na terra
Por pouco, muito pouco tempo,
Tempo que não pode ser desperdiçado,
Paralisado na dor da saudade.

É o tempo necessário
Para aprendermos a amar.

Partimos, mas
Nosso amor fica com vocês.
Ele é o elo indestrutível
que dura para sempre.

É através dele e só dele
Que evoluimos,
E é nele que vivemos 
para sempre.
É ele, o amor, 
que nos eterniza.



domingo, 27 de janeiro de 2013

SENTIMENTO OCEÂNICO


Ultimamente tenho me sentido presa de uma inexplicável (ou explicável) angústia existencial. Conversando com algumas pessoas mais próximas, descubro nelas a mesma sensação. Como se estivéssemos misteriosamente unidos por fios invisíveis de pensamentos e sentimentos, enredados na mesma teia gigantesca da vida.
Hoje, após a notícia da tragédia que ocorreu em Santa Maria, ficou mais evidente esta ligação com ‘o outro’. Fui engolfada por uma dor que não era diretamente minha, mas que também era minha. Eu me tornava parte e membro das famílias que sofreram suas perdas terríveis.
Abri o livro que, há dias atrás havia separado para doar, pois já lera e não tinha intenção de reler. Acabei relendo um capítulo e ‘enxergando’ significados que antes não vira.
Nele encontrei o trecho: “mesmo estando ‘tudo em ordem’, não conseguimos ficar alguns minutos ‘pensando na vida’ sem ser invadidos por indefinível sensação de tristeza”.
Pensei: ‘é isto’. Esta sensação é minha, mas não é só minha. É o que, por alguma sintonia, devido a minhas vivências, circunstâncias de vida e reações a elas, atraio para mim. De certa forma me predisponho e me abro para senti-la.
Estamos todos, gotas individuais, mergulhados no mesmo oceano de sensações. A água que se turva de óleo se alastra e contamina todas as outras. Nos dissolvemos no todo. Somos parte infinitezimal e, no entanto, somos oceano.
No livro citado, o autor se refere a um “sentimento oceânico”, de que fala Romain Rolland.
E eu concluo, sem a pretensão de acertar, que o que nos perturba é o que também nos pode curar. A consciência de indissolubilidade, nos pode ensinar que temos o poder de influenciar, não só de ser influenciados. Podemos treinar a capacidade de nos imunizar, pela cura da gotinha que somos através do amor.
Não ouso falar de um amor maior, que transcende a minha capacidade, pelo menos.
Falo de um amor que é mais uma aceitação de nossos defeitos e de compaixão por nós mesmos. Isto é possível após o reconhecimento de quem verdadeiramente somos.
Freud fala do ‘sentimento oceânico’ como um tipo de religiosidade . Ele admitiu que o recurso ao amor como centro de tudo, como uma das mais eficazes ‘técnicas de viver’. Ele falou do medo de amar, que paradoxalmente transforma o amor que deveria curar em algo assustador. Ele disse,escreveu, que nunca nos tornamos tão desamparadamente infelizes como quando perdemos o objeto amado ou seu amor. Então, por medo de amar, as pessoas não amam. Sofrem por medo de sofrer.
Resta-nos amadurecer, evoluir espiritualmente, para amar não uma pessoa, mas o amor em si, amando todos os homens, e não apenas determinadas pessoas.
À medida que amadureço, sinto mais a dor do outro como minha, a empatia se estabelece mais facilmente e, se isto me faz chorar, como hoje, também me faz sentir pertencente, membro da grande família humana.
Amadurecer deve ser isto. Evoluir faz parte disto.
Evoluir é como subir uma escadaria. Não temos o dom da ascensão que nos eleva, como Cristo, ao alto dela. Mesmo ele, antes de ascender, subiu carregando sua cruz.
Evoluir exige fôlego. Exige não desistir, mesmo quando não se sabe quando alcançaremos o cume.



segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

ENTARDECER

HOJE A CHUVA CAIU FORTE. INUNDOU AS RUAS.
O CALOR ESTAVA DEMAIS! SUFOCANTE E GRUDENTO.
A CHUVA PARECE ALIVIAR A TENSÃO NA ATMOSFERA.ME ACALMA.
MAS PENSO NOS QUE NÃO TÊM TELHADOS FIRMES E TUDO O MAIS.
COMO FICAM?


VISTO DA MINHA JANELA




ONTEM À NOITE... OU ANTES DE ONTEM?