Uma coisa que eu sempre pensava:
‘a idade nos torna melhores, mais sábios e prudentes, mais amorosos e
pacientes.’ Mas não é bem assim. A percepção, é claro, se amplia, talvez para
compensar a visão física que se estreita. Nosso espelho já não nos ilude com a
resposta esperada: ‘és a mais bela do reino’. Ou ‘és a melhor’ das mulheres.
Torna-se impiedoso, menos em denunciar rugas, mais em revelar o que ‘não
somos’. A consciência adquirida começa a relegar para segundo plano a vaidade e
frivolidades.
Então não nos tornamos
melhores. Esforçamo-nos para ser. Esforçamo-nos para superar nossos defeitos,
pois mais claramente os enxergamos. É isto.
E mais. A sabedoria que,
do alto do tempo já vivido, exibimos, talvez para compensar os defeitos
descobertos e assimilados, não é tanta assim. Some diante do primeiro tropeço,
contrariedade, rejeição. Reagimos com o adolescente ou a criança que ainda
habita em nossas memórias, enquanto o adulto sábio em que pretensamente nos
tornamos, horrorizado e confuso, ordena, com firmeza e doçura, ao eu pequeno
que emergiu num repente de dentro de nós: ACALME-SE!
A prudência ou sensatez
aos poucos adquirida funciona como um anjo cuidador que, ciente dos
aborrecimentos causados por atitudes impensadas, nos impede de tropeçar e cair,
não só figurada, mas literalmente. Não somos mais tão firmes nem tão fortes e,
depois de uns tombos, reconhecemos a necessidade de ajuda e chamamos por ele,
humildemente, porque inseguros, sem questionar se ele, o anjo, existe como entidade
ou não.
A paciência... Ah! Esta
em vez de aumentar às vezes diminui para nossa vergonha e desgosto. Continuo tão
ou mais impaciente. Isto por conta das
limitações e irritantes dores nas articulações, etc. Fico no etecetera para não
cair no laço de infindáveis queixas. Nisto sou prolixa e repetitiva. Eu sei.
Tornei-me, em vez da
adorável e paciente senhora que tanto queria ser, uma ‘quase’ velha ranzinza.
Minha neta concordou com esta opinião sobre a avó dela, que sou eu, com uma
delicadeza e tato, compensando-me com qualidades que ela, em sua empatia por
mim, consegue enxergar.
Posso não ter
desenvolvido, como desejava, o dom maravilhoso da paciência. Mas disfarço bem,
não com a intenção de enganar, e sim, por haver aprendido a ser mais gentil e
cordial. Afinal gentileza gera gentileza. As pessoas mais velhas e maduras
sabem disso. Por que ‘velhas e maduras’? Porque nem sempre o que é velho é maduro
e vice-versa.
Bem... Toda esta conversa
serve para dizer que estou me tornando ( pois não sei se já sou) uma senhora
educada. Não murchei, amadureci. Estou amadurecendo. E assim estarei até o último minuto de minha existência.
Quanto à amorosidade. Eu,
pessoalmente me sinto mais amorosa. Mais
compassiva talvez. E compreensiva. Mas
não foi precisamente a idade que me transformou. Foi ela, a maternidade, que acordou
estes sentimentos em mim. Assim... de repente, deixei de importar-me só comigo e
passei a dar mais importância a vocês, meus filhos.
Deixei de ser prioridade.
Meus problemas
existenciais, frustrações, carências, deixaram de importar, pelo menos, bem menos
do que antes.
Vocês se tornaram a minha
prioridade.
Na verdade, não creio que
seja privilégio das mães a descoberta do amor. Há pessoas que nascem amando.
Nascem mães. Algumas, se bem que raro, nem com a maternidade, aprendem a amar. No meu caso,
funcionou.
De um jeito imperfeito,
talvez não totalmente incondicional, aprendi a reconhecer o amor em mim.
Esta conversa comprida,
que peca pelo excesso de palavras, adjetivos, advérbios e gerúndios, é só para
simplesmente dizer: Amo vocês!
Amo!
Muito!
Mãe.
Vânia - escrevi no dia das mães, no fim da tarde.
Vânia - escrevi no dia das mães, no fim da tarde.
Que lindo, mãe!
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