domingo, 27 de maio de 2012

QUANDO OS DIAS PARECEM ANDAR NA PONTA DOS PÉS


     

Vou vagando vagarosamente pela vida vagamente triste e vazia. 

 tanto que a tristeza que penso que sinto nem tristeza é.


    Não tendo quem culpar, culpo o tempo.

    Não chove há dias. A umidade concentrada torna o ar pesado, 

desconfortável.

Leonid Afremov





    Quanta energia mal qualificada deve acumular-se na atmosfera, 

como nuvens de chumbo

poluindo, contaminando a alma das pessoas,que

 inconscientes da força que possuem estas energias

para o mal e para o bem,
,
 por sua vez, influenciam, perturbando mais pessoas, 

principalmente as de seu convívio diário, em seus lares.

É o que chamam de 'contaminação vibratória'.

    A chuva, acredito eu, lava a sujeira do ar, limpando por tabela, a

fuligem que nossas mentes, fábricas de formas-pensamentos, criam

que assediam a nós mesmos, tornando-nos irritáveis, 

 deprimidos.


    A chuva, quando finalmente vem, tranquiliza, dissolve as tensões.

Leonid Afremov

   Tento não reclamar (apenas tento, porque reclamo muito). Sei que

 se vivesse em lugares verdadeiramente insalubres, sob 

temperaturas extremas, em situações verdadeiramente  

calamitosas, 

não teria nem tempo para queixar-me de tão pequenas coisas.

   Provavelmente estaria me desesperando, mas plenamente 

justificada. 


 Em um trecho de "O Lobo da Estepe", Herman Hesse escreve

   que quem já havia passado 'por aqueles dias infernais' mostrava-


se satisfeito em poder ficar simplesmente em frente a lareira lendo


um livro, distraindo-se com coisas comuns, rotineiras. 


      "Dias suportáveis e submissos, nos quais nem o sofrimento nem 


o prazer se manifestam, em que tudo apenas murmura e parece



andar na ponta dos pés."


Parece que chove na terça-feira. 

sábado, 26 de maio de 2012

CRIATIVIDADE E LIBERDADE


    É engraçado como me sinto mais segura transcrevendo uma frase ou texto de outros do que meus próprios textos e frases. Será por temer a crítica de quem porventura possa ler o que escrevo ou por achar que não tenho nada que valha a pena ser lido? Mas, penso agora, mais madura e permitindo-me dizer finalmente o que penso e sinto, escrevo porque gosto e porque este foi o jeito que encontrei de expressar-me, dar vazão ao que sinto, libertar o que penso. Escrevo porque sinto necessidade. Por isso... 


 Li na revista Planeta de 1994, em um artigo “O Jogo Divino da Criação”, que deve-se separar ato criativo de produção de obras primas. Todos, não só seres geniais, podem e devem usar a criatividade em suas vidas. 
    Uma das coisas que bloqueia a criatividade, segundo o texto, é a  preocupação em fazer a coisa certa, em sentir-se seguro daquilo que se está fazendo. Mas...
 “Criatividade não é segurança – é liberdade para repensar padrões já estabelecidos, é voltar às origens e ser deus.”... 
  
  Hoje li em um blog: "A apreciação estética requer uma mudança no olhar e nos demais sentidos, difícil no início, mas essencial para a alegria."  
    Para apreciar um trabalho criativo, também penso que é preciso mudar o modo de olhar o que se vê. É preciso sensibilizar o olhar. Ver como quem está vendo pela primeira vez.
   Deixamos de ser simples e de nos surpreender e encantar com o que vemos.
  “A cultura cria suas armadilhas”, escreveu Lúcia em seu artigo.
    


quinta-feira, 24 de maio de 2012

SILÊNCIO

Andei procurando a palavra 'silêncio' em outros blogs e surpreendi-me com a diversidade de conceitos sobre ele: o silêncio.
Pessoalmente, hoje mais precisamente, quando estou-me sentindo só, ele me oprime.
Hoje, eu diria que o silêncio só é bom quando sabemos que temos com quem conversar, que sempre vai existir alguém para nos escutar quando precisarmos.
Silêncio é bom quando a Victoria, minha neta, está aqui em casa. Ela no computador ou vendo TV ou estudando; eu,  na TV ou lendo ou escrevendo. Em silêncio, as duas, cada uma na sua, mas não sozinhas. A presença dela enche meu coração, dispensa palavras.
Silêncio é bom, mas só quando sei que aqueles a quem amo, de algum modo, estão por perto e de repente entram pela porta.
Mesmo quando interrompem algo importante que eu esteja fazendo, fico feliz, pois estar junto é o que realmente importa.
E... copiando frases de que gostei em outros blogs... aqui vai...


"À vezes ofendemos mais com o nosso silêncio do que com a nossa impertinência.”
( William Hazlitt )




“O eterno silêncio desses espaços infinitos me espanta.”
( Blaise Pascal )
A fala é a civilização em si. A palavra, mesmo a mais contraditória palavra, preserva o contacto – é o silêncio que isola.”
( Thomas Mann )

sábado, 19 de maio de 2012

FOTOGRAFIA



Fiquei apaixonada pela obra de Igor Zenin, fotógrafo a mais de 40 anos.
Seu país de origem é a República da Moldávia.
Não é preciso dizer nada sobre sua arte. Ela fala por si mesma.
Transcrevo uma frase que creio ser dele:
 ‘A fina linha entre a realidade e o mundo dos sonhos está quebrada!’








quinta-feira, 17 de maio de 2012

FOTOS DE FINAL DE TARDE NA FAZENDA BURICACI EM SÃO FRANCISCO

Esta hora intermediária é linda.
A transição do dourado intensificado por instantes para o cinza-penumbra faz-me lembrar a impermanência das coisas.



O sol pouco antes de despedir-se parece explodir em fragmentos luminosos.





até sumir...

É hora de acender os lampiões.

sábado, 12 de maio de 2012

PARA MEUS FILHOS


           Uma coisa que eu sempre pensava: ‘a idade nos torna melhores, mais sábios e prudentes, mais amorosos e pacientes.’ Mas não é bem assim. A percepção, é claro, se amplia, talvez para compensar a visão física que se estreita. Nosso espelho já não nos ilude com a resposta esperada: ‘és a mais bela do reino’. Ou ‘és a melhor’ das mulheres. Torna-se impiedoso, menos em denunciar rugas, mais em revelar o que ‘não somos’. A consciência adquirida começa a relegar para segundo plano a vaidade e frivolidades.
         Então não nos tornamos melhores. Esforçamo-nos para ser. Esforçamo-nos para superar nossos defeitos, pois mais claramente os enxergamos. É isto.
        E mais. A sabedoria que, do alto do tempo já vivido, exibimos, talvez para compensar os defeitos descobertos e assimilados, não é tanta assim. Some diante do primeiro tropeço, contrariedade, rejeição. Reagimos com o adolescente ou a criança que ainda habita em nossas memórias, enquanto o adulto sábio em que pretensamente nos tornamos, horrorizado e confuso, ordena, com firmeza e doçura, ao eu pequeno que emergiu num repente de dentro de nós: ACALME-SE!
       A prudência ou sensatez aos poucos adquirida funciona como um anjo cuidador que, ciente dos aborrecimentos causados por atitudes impensadas, nos impede de tropeçar e cair, não só figurada, mas literalmente. Não somos mais tão firmes nem tão fortes e, depois de uns tombos, reconhecemos a necessidade de ajuda e chamamos por ele, humildemente, porque inseguros, sem questionar se ele, o anjo, existe como entidade ou não.
      A paciência... Ah! Esta em vez de aumentar às vezes diminui para nossa vergonha e desgosto. Continuo tão ou  mais impaciente. Isto por conta das limitações e irritantes dores nas articulações, etc. Fico no etecetera para não cair no laço de infindáveis queixas. Nisto sou prolixa e repetitiva. Eu sei.
      Tornei-me, em vez da adorável e paciente senhora que tanto queria ser, uma ‘quase’ velha ranzinza. Minha neta concordou com esta opinião sobre a avó dela, que sou eu, com uma delicadeza e tato, compensando-me com qualidades que ela, em sua empatia por mim, consegue enxergar.
      Posso não ter desenvolvido, como desejava, o dom maravilhoso da paciência. Mas disfarço bem, não com a intenção de enganar, e sim, por haver aprendido a ser mais gentil e cordial. Afinal gentileza gera gentileza. As pessoas mais velhas e maduras sabem disso. Por que ‘velhas e maduras’? Porque nem sempre o que é velho é maduro e vice-versa.
Bem... Toda esta conversa serve para dizer que estou me tornando ( pois não sei se já sou) uma senhora educada. Não murchei, amadureci. Estou amadurecendo. E assim estarei até o último minuto de minha existência.
      Quanto à amorosidade. Eu, pessoalmente me sinto mais amorosa.  Mais compassiva talvez. E compreensiva.  Mas não foi precisamente a idade que me transformou. Foi ela, a maternidade, que acordou estes sentimentos em mim. Assim... de repente, deixei de importar-me só comigo e passei a dar mais importância a vocês, meus filhos.
Deixei de ser prioridade.
Meus problemas existenciais, frustrações, carências, deixaram de importar, pelo menos, bem menos do que antes.
Vocês se tornaram a minha prioridade.
Na verdade, não creio que seja privilégio das mães a descoberta do amor. Há pessoas que nascem amando. Nascem mães. Algumas, se bem que raro, nem com a maternidade, aprendem a amar. No meu caso, funcionou.
De um jeito imperfeito, talvez não totalmente incondicional, aprendi a reconhecer o amor em mim.
Esta conversa comprida, que peca pelo excesso de palavras, adjetivos, advérbios e gerúndios, é só para simplesmente dizer: Amo vocês! 
Amo!
Muito!
Mãe.


Vânia - escrevi no dia das mães, no fim da tarde.