quarta-feira, 24 de junho de 2015

ANIVERSÁRIO

Que teu coração seja amoroso e grande, mas cauteloso e não perca o discernimento.
Que tua  mente esteja atenta, em comando, sem ser controladora.
Que tuas palavras sejam firmes, mas que não sejam duras.
Que teu olhar seja suave, mas sem perder  a clareza.
Que teu riso seja leve sem ser tolo.
E o amor, ao surgir, te surpreenda, mas não te prenda, pois o amor não tem grilhões
Ele liberta o melhor que há em nós.
Saberás reconhecê-lo, pois seu rosto é inconfundível e belo.
Na dúvida, toma decisões mesmo que incertas, pois a procastinação trava  e entrava.
Deixa que a música da vida inspire teus passos e dança com graça.
A vida é uma graça e um presente de nossos pais para nós.
Sejamos um presente para eles.
A vida é como a onda no mar:
Tem seus fluxos e refluxos.
Aproveita os fluxos e te espraia como uma criança que brinca na praia,
E, no refluxo, deixa-te levar, pois tudo faz parte de tudo.
Aproveita bem tua vida,
Deixa-te ir em teu próprio ritmo,
Pois cada um tem sua música
E seu jeito de dançar.

Feliz aniversário, querida neta.



segunda-feira, 22 de junho de 2015

DEPRESSÃO


Depressão pode ser comparada a um dia de cerração densa, a um cobertor tramado com cinzas e gelo: úmido e frio. 
Depressão é caminhar
perdido em meio a um espesso nevoeiro.
O deprimido se assusta de si mesmo, porque não se reconhece mais no vulto que se curva sob o peso de algo invisível e, no entanto, tão denso. 


quinta-feira, 18 de junho de 2015

ALMA BAILARINA


Quando eu era menina sonhava ser bailarina. 
Tanto que aos dois anos, ao fazer piruetas na janela, caí. Da experiência fiquei com uma cicatriz no queixo para a vida inteira.
Hoje me contento apenas em caminhar, apoiada em uma bengala.
Se caminhar cansa, dançar, então, nem pensar.
Mas ...
minha alma é bailarina e ainda se encanta e jamais deixará de dançar e cantar.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

POEMA - LIBERTAÇÃO

Meu poema é como um bicho
Selvagem, vivo, indomado,
Um alazão preso a arreios,
um leão ruivo, enjaulado,
rugindo de dor e anseio.

Meu poema é meu grito,
Galopando campo afora...

Meu poema sou eu mesma:
Selvagem... domesticada,
Travada, não sossegada,
Segura por rédeas duras,
Como se fosse loucura
O querer se libertar.

Meu poema é minha palavra,
Segura por rédeas duras,
Que quando solto tão pouco,
Me mostra rebelde ou louca,
Mas transparente e pura.

Meu poema é um som rouco
A subir pela garganta,
Que ora chora ora canta.
Meu poema é minha fera
Que se quer soltar. Pudera!

Meu poema é minha alma
Que ainda dança
Livre e solta,
Que mão nenhuma segura
Por mais forte, firme e dura.

Vou, na palavra, a galope,
Além do horizonte,
Sem pontes,
Sem me deter
Sobre os montes.

Meu poema é minha alma,
Um alazão livre, belo,
De longas crinas revoltas,
Sem rédeas, dono, sem sela.
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Escrito em 1971, mais ou menos por aí.
O que interessa é que me mostra como eu sentia na época.
A metáfora escolhida tem a ver com minha antiga paixão por estes belos animais.


quinta-feira, 4 de junho de 2015

FELICIDADE - UM ESTADO DE GRAÇA


Andei estes dias estranhamente ausente. Sem energia, emoção e risos.
Sempre fui intensa e esta ausência de sentir era estranha para mim. Sentia-me esvaziada.
Tentei encontrar uma imagem que representasse este estado de ser.
Eu me via como uma maratonista na pista, só que em último lugar. Não havia como alcançar os outros, muito menos ultrapassá-los. Sentia o desalento dos que perderam a corrida. Pensei: para que correr se não chegarei a lugar algum?
Ou seja: para que viver?
Mas sempre reflito sobre o que sinto. Quero entender. Decifrar-me.
Alguém me disse que a felicidade era subjetiva. Conclui, depois de pensar muito, que não, pelo menos não era o que eu achava. Subjetivas são as coisas que nos dão prazer, que nos fazem rir ou ficar tristes. Felicidade é o estado de ser que faz com que nos sintamos bem, ainda que não tenhamos estas coisas, ainda que sejamos o último na corrida, simplesmente por fazer parte dela.

Felicidade deve ser isto: este sentir-se grata simplesmente por  estar aqui, vivos.